da Reportagem Local

"Musiqueiro" tem tudo aquilo que todo estreante sonha acordado em conseguir, mas só um entre milhares consegue: produção de alto nível, sonoridades sofisticadas, qualidade de estúdio.
Fica faltando só uma coisa -essencial, diga-se: um conceito central. Recém-chegado, João Suplicy se equivoca ao afirmar, na faixa-título, que "diversidade é a marca desta geração".
É que diversidade é, quando muito, marca da geração de trintões, de Chico Science a Chico César, que neste ponto de agora já pena sob o peso da repetição em escala industrializada.
"Musiqueiro" é meticuloso: cada faixa aponta para uma direção diferente. A modernidade samba-rock elétrico de "Vozes" fica lado a lado com o atraso ska de "Pra Se Perder". O resultado é neutralização, mais que diversidade.
Há competência suficiente em cada esquina dobrada, mas será possível cruzar toda e qualquer esquina sem atropelos? João Suplicy anuncia uma bela presença na MPB dos 2000, mas em seu primeiro passo é ainda um aprendiz à procura de um estilo.
(PAS)

Avaliação: