São Paulo, sexta-feira, 20 de agosto de 2004

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RUÍDO

"Morra, Bush, morra" de Gil reverbera lá fora

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Correu mundo a notícia dos dizeres "morra, Bush, morra", exibidos em telão no show do ministro da Cultura do Brasil. A agência "Reuters" veiculou na terça-feira afirmação de Gilberto Gil de que não tinha conhecimento da presença da provocação em seu show.
"O ministro brasileiro da Cultura e cantor superstar Gilberto Gil não está pedindo a morte do presidente dos EUA, George W. Bush, como espectadores de seu show podem ter pensado", diz a nota da "Reuters".
O VJ Jodele Lacher, responsável com Spetto pelas projeções em tempo real do show "Eletracústico", confirma a versão. "O ministro não assistiu porque está muito concentrado na parte musical do show. Eu não queria deixá-lo em situação difícil nem provocar um incidente diplomático, achei que nem ia dar para ver direito", afirma.
Os dizeres apareceram repetidas vezes durante a canção "Soy Loco por Ti, América" (68), junto a imagens dos revolucionários Che Guevara e Pancho Villa. "Eu tinha essas imagens gravadas na Lapa, de camisetas de Bob Marley, Nirvana, entre elas essa do "morra, Bush, morra" e a do Bush com nariz de palhaço. Era um comentário, eu não sou antiamericano, sou antianti-americano", relata Lacher.
Segundo ele e a assessoria artística de Gil, o artista solicitou a exclusão da imagem assim que a percebeu, após a primeira apresentação (sexta passada), e assim foi feito. Havia um correspondente da Reuters na platéia.

O NÃO-LANÇAMENTO

Predominantemente fora de catálogo estão os Golden Boys, um grupo vocal sempre identificado com a vulgaridade pop do iê-iê-iê, embora tecnicamente fosse comparável a virtuosismos tipo Quarteto em Cy (leia abaixo). Neste "The Golden Boys" de 65 (Odeon, hoje EMI), lançavam bases de forte popularidade na versão "Erva Venenosa". Mas havia mais: "Toque Balanço, Moço" era uma ode de primeira hora ao "sambalanço", que a seguir frutificaria em inúmeras tendências de "black music". Seus autores eram Roberto e Erasmo Carlos. E os Golden Boys seguiriam carreira brilhante e subterrânea em funk ("Fumacê", 70) e acompanhamento vocal (até no recente "Acústico MTV" de Jorge Ben Jor, de 2001).

O OURO DE SIMONE
A Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD) afirma que certificou o disco de ouro à cantora Simone, por supostas 50 mil cópias vendidas de "Baiana da Gema". A ABPD diz que a vendagem não foi submetida a auditoria, porque isso só acontece uma vez por ano.

O OURO DE SIMONE?
O laurel foi entregue a Simone no "Domingão do Faustão" de 25 de julho, sem certificado e quando, segundo a Folha apurou, o CD com músicas de Ivan Lins havia vendido cerca de 20 mil cópias. Marcos Maynard, dono do selo Maynard Music e presidente da EMI, não atende a coluna para falar sobre o assunto.

BLANCO AOS 80
O Traço de União, que tem se consolidado como um espaço de resistência do samba em São Paulo, comemora hoje os 80 anos do paraense Billy Blanco, remanescente histórico da geração pré-bossa nova. O grupo Coisas Nossas conduzirá a homenagem ao autor de clássicos de dor-de-cotovelo e de chiste como "Samba Triste", "Tereza da Praia", "Pano Legal", "Estatutos da Gafieira"...

psanches@folhasp.com.br


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