São Paulo, sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Gardenberg adota o realismo na direção

Diretora muda o registro em "Inverno da Luz Vermelha", do dramaturgo americano Adam Rapp, que estreia hoje

Ela afirma que o novo espetáculo "pede que a mão do diretor não apareça tanto" e revela rechaço inicial ao texto


GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quem viu as direções de Monique Gardenberg para as peças "Os Sete Afluentes do Rio Ota", de Robert Lepage, e "Baque", de Neil LaBute, pode se surpreender com seu novo projeto de palco.
"Inverno da Luz Vermelha", do americano Adam Rapp, estreia hoje em SP. Os dois espetáculos anteriores buscaram caminhos distantes do realismo, mesmo porque os textos que lhes deram base assim pediam para ser tratados.
Já o novo texto tem diálogos coloquiais. A história encenada transcorre durante duas horas -que é também o tempo de duração do espetáculo. Como na velha comparação: é como se estivéssemos olhando pelo buraco da fechadura.
"Essa peça pede para que a mão do diretor não apareça tanto", diz Gardenberg sobre o enredo, que se passa primeiramente em um hotel de Amsterdã e depois em um apartamento de Nova York, que na versão vira São Paulo.
Em Amsterdã acontece o encontro. E em São Paulo, o desencontro de três jovens de naturezas quase divergentes. São interpretados por Rafael Primot (que este ano ganhou um Shell como melhor autor por "O Livro dos Monstros Guardados"), Marjorie Estiano e André Frateschi.
A tensão toma forma a medida que cada um deles se arma para conquistar o outro, em geral sem reciprocidade. Essa é a ferramenta fundamental do texto de um dramaturgo também jovem. Rapp tem 42 anos, uma indicação ao Pulitzer e uma carreira ainda "sob análise" do cenário crítico americano.
Nem sempre os personagens estão juntos em cena e a combinação dos pares permite novos jogos, com cuidadosas mudanças de temperamento. Primeiro ficam juntos os dois amigos, com insinuações de que se sentem atraídos; depois cada um deles com ela, uma prostituta.
"Na primeira vez que eu li o texto, pensei: "Não quero dirigir uma peça sobre um tonto e um babaca'", brinca Gardenberg sobre os rapazes. Ou ainda sobre aquela resistência inicial de levar esse projeto adiante -e a descoberta de que o realismo ainda tem lugar no cenário contemporâneo.


INVERNO DA LUZ VERMELHA

ONDE Teatro Faap (r. Alagoas, 903, tel. 0/xx/11/3662-7233)
QUANDO sex. e sáb., às 21h, dom., às 18h; até 26/9
QUANTO R$ 60
CLASSIFICAÇÃO 16 anos




Texto Anterior: Só para colecionadores: Fabia Bercsek
Próximo Texto: Frase
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.