São Paulo, sexta-feira, 20 de agosto de 2010

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Bienal revê papel da memória na ficção

Feira literária de SP reúne hoje em torno do tema Ruy Castro, Carlos Heitor Cony, Patrícia Melo e Heloisa Seixas

Castro cria romance sobre dom Pedro 2º; biógrafo famoso, ele diz faltar "imaginação para inventar plot do nada"


MARCO RODRIGO ALMEIDA
DE SÃO PAULO

A intrigante relação entre fatos históricos, memória e ficção é tema de hoje na Bienal do Livro de São Paulo. O debate, às 19h, reunirá os escritores Ruy Castro e Carlos Heitor Cony, colunistas da Folha, com as autoras Patrícia Melo e Heloisa Seixas (mulher de Castro).
Reconhecido pelo rigoroso trabalho de pesquisa que embasou as biografias de Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda, Castro também usa a história real como suporte para a ficção. O livro "Bilac Vê Estrelas" tinha o poeta parnasiano como protagonista. Já "Era no Tempo do Rei" uniu, no Brasil de 1808, um dom Pedro 1º ainda criança, aos 12 anos, com Leonardo, personagem fictício de "Memórias de um Sargento de Milícias" (1854), escrito por Manuel Antônio de Almeida.
Castro prepara agora seu terceiro romance, desta vez tendo dom Pedro 2º como foco. "Como não tenho grande imaginação para inventar um plot do nada, tenho que me valer de coisas que aconteceram e personagens reais para criar", afirma. Mesmo sem ter um componente histórico claro em seus livros, Patricia Melo também é adepta das pesquisas. Hoje, contudo, diz dar menos importância à prática.
Durante a escrita de "Inferno", saga de um traficante de drogas, o excesso de informações sobre o tema chegou a bloquear sua imaginação. Inevitável para ela é utilizar a memória, instrumento fundamental para a criação. "A ficção tem essa dimensão de memória, não só pessoal, mas também de uma época. Mas é uma memória reinventada. O romancista tem que ser livre para criar."
Ao contrário de Castro, Heloisa nunca imaginou escrever um livro de não ficção. Aconteceu, porém, em 2007, com "O Lugar Escuro", relato sobre a mãe da autora, vítima de mal de Alzheimer. "A fantasia também é uma forma de autobiografia, tem um pouco do autor em cada texto", diz. Ela afirma não ter a "alma de pesquisadora" do marido, que, a seu ver, contém a veia ficcionista. "O Ruy diz não ser um ficcionista nato, mas acho que ele reprime um pouco o lado romancista".


BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DE SÃO PAULO

QUANDO até 22 de agosto
HORÁRIO das 10h às 22h
ONDE Anhembi (av. Olavo Fontoura, 1.209, tel. 0/xx/11/ 3060-5000)
QUANTO R$ 10




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