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Alfaguara aposta em livros de grife
Lançado pela editora Objetiva, o selo espanhol chega com seis lançamentos, que incluem inédito de Truman Capote
Anunciado ontem por Roberto Feith, selo é uma
das raras apostas recentes e
expressivas no segmento
de literatura de qualidade
MARCOS STRECKER
DA REPORTAGEM LOCAL
O lançamento do selo Alfaguara, anunciado ontem pelo
diretor-presidente da editora
Objetiva, Roberto Feith, 54, é
uma das raras apostas recentes
e expressivas do mercado editorial brasileiro no segmento
de literatura de qualidade.
Dos seis títulos escolhidos
para inaugurar a marca no Brasil, os destaques são "Travessia
de Verão", inédito de Truman
Capote que foi redescoberto
em 2004, e "Travessuras da
Menina Má", o romance recém-lançado na Espanha de
Mario Vargas Llosa.
Mas os outros títulos também são de peso. De Cormac
McCarthy, o recluso escritor
americano que recria o universo mítico do oeste americano,
será lançado "Onde os Velhos
Não Têm Vez". De Will Self, nome importante da nova literatura britânica, será lançada
uma sátira de 1997 inédita no
Brasil, "Grandes Símios". O pacote se completa com uma reedição de "Retrato do Artista
Quando Jovem", de James Joyce, vertido por Bernardina da
Silveira Pinheiro (responsável
pela tradução de "Ulisses", lançada em 2005), e com uma antologia de cartas e poemas de
Fernando Pessoa, organizada
por Luiz Ruffato.
As apostas futuras também
têm alguns nomes nacionais,
como Ruy Castro, que fechou
contrato para escrever uma ficção, e Carlos Heitor Cony, colunista da Folha, que terá toda
sua obra reeditada.
A marca Alfaguara, conhecida no mundo hispânico desde a
década de 60, é responsável por
um dos prêmios literários mais
prestigiosos da Espanha e tem
em catálogo (na Espanha) as
"coleções" de autores como Julio Cortázar, o português José
Saramago e Mario Vargas Llosa, entre outros.
A editora Objetiva teve 75%
de seu capital adquirido pelo
grupo espanhol Prisa-Santillana, dono do selo Alfaguara, em
meados de 2005. Ainda que toda a obra de Vargas Llosa tenha
sido comprada pela Alfaguara
para lançamento no Brasil, o
fato de a matriz do selo espanhol possuir o catálogo completo de um autor não significa
seu lançamento no Brasil, esclarece Feith.
"As operações são totalmente independentes", diz Feith,
para quem o novo selo significa
diversificação e aposta na consolidação da marca. O investimento brasileiro na marca gira
em torno de US$ 700 mil (cerca de R$ 1,5 milhão) e não há
previsão de trazer o prêmio Alfaguara para o Brasil, pelo menos por enquanto.
O lançamento da Alfaguara é
mais um lance expressivo em
um mercado que tem assistido
a grandes movimentações nos
últimos anos, com uma tendência ainda em curso de fusões e aquisições.
A agitação ainda não acabou.
Ainda que nos últimos dez
anos tenha ocorrido uma retração no faturamento (apontada
inclusive na última pesquisa da
Câmara Brasileira do Livro, divulgada no último dia 30, referente ao biênio 2004/2005), a
entrada de "players" estrangeiros "inflacionou" o valor dos
autores nacionais e levou os
leilões de títulos internacionais
a preços estratosféricos.
Só para se ter uma idéia, "O
Código Da Vinci", de Dan
Brown, teve seus direitos adquiridos pela Sextante por US$
12 mil (cerca de R$ 25 mil), em
2003. Na próxima semana, sai
no Brasil "O Segredo do Anel",
da irlandesa Kathleen McGowan, cujos direitos foram adquiridos pela editora Rocco
por... US$ 250 mil (cerca de R$
536 mil).
Autores nacionais como
Paulo Coelho, Zuenir Ventura
e Fernando Morais mudaram
para a editora espanhola Planeta, que tem menos de quatro
anos de Brasil, em episódios
que agitaram o mercado.
A aposta da Alfaguara em títulos de qualidade, longe da
corrida aos novos "Dan
Browns", é uma boa notícia.
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