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Crítica
"Tropa" segue princípios do filme policial
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
No documentário
"Notícias de uma
Guerra Particular" (1999), de João Moreira Salles e Kátia Lund, um
policial do Bope, o então
capitão Rodrigo Pimentel,
diz que se sente combatendo em uma guerra. A
única diferença, diz, é que
volta para casa todo dia.
"Tropa de Elite" transforma essa imagem no
conceito que delineia o
protagonista, o capitão
Nascimento (Wagner
Moura). Seu drama: o desejo de pular fora da guerra contra o tráfico (e também contra a corrupção
dentro da polícia), mas a
impossibilidade de fazê-lo.
Ao menos dois recursos
de dramaturgia lembram a
eficiente estrutura narrativa de "Cidade de Deus"
(2002), também escrito
por Bráulio Mantovani,
que assina o roteiro de
"Tropa" com o diretor José Padilha e com Pimentel
(cuja experiência extra-policial inclui ainda outra
associação com Padilha,
no documentário "Ônibus
174", de 2002).
A narração de Nascimento, como ocorria com
a de Buscapé no filme de
Fernando Meirelles, é ao
mesmo tempo informativa, ajudando a pôr ordem
na casa, e reflexiva, facilitando a compreensão do
que move o personagem.
O uso de flashback, a partir
de uma abertura tensa e
ainda obscura para o espectador, procura mantê-lo atento às explicações
que virão.
A distância entre os dois
filmes aumenta com o claro estabelecimento de
"Tropa" como um filme
policial cujas coordenadas
respeitam os princípios
clássicos do gênero, embebidos de coloração tipicamente nacional que tende
a reduzir, para o público, a
tênue divisa entre ficção e
realidade.
Avaliação: bom
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