São Paulo, quinta-feira, 20 de setembro de 2007

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Crítica

"Tropa" segue princípios do filme policial

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

No documentário "Notícias de uma Guerra Particular" (1999), de João Moreira Salles e Kátia Lund, um policial do Bope, o então capitão Rodrigo Pimentel, diz que se sente combatendo em uma guerra. A única diferença, diz, é que volta para casa todo dia.
"Tropa de Elite" transforma essa imagem no conceito que delineia o protagonista, o capitão Nascimento (Wagner Moura). Seu drama: o desejo de pular fora da guerra contra o tráfico (e também contra a corrupção dentro da polícia), mas a impossibilidade de fazê-lo.
Ao menos dois recursos de dramaturgia lembram a eficiente estrutura narrativa de "Cidade de Deus" (2002), também escrito por Bráulio Mantovani, que assina o roteiro de "Tropa" com o diretor José Padilha e com Pimentel (cuja experiência extra-policial inclui ainda outra associação com Padilha, no documentário "Ônibus 174", de 2002).
A narração de Nascimento, como ocorria com a de Buscapé no filme de Fernando Meirelles, é ao mesmo tempo informativa, ajudando a pôr ordem na casa, e reflexiva, facilitando a compreensão do que move o personagem. O uso de flashback, a partir de uma abertura tensa e ainda obscura para o espectador, procura mantê-lo atento às explicações que virão.
A distância entre os dois filmes aumenta com o claro estabelecimento de "Tropa" como um filme policial cujas coordenadas respeitam os princípios clássicos do gênero, embebidos de coloração tipicamente nacional que tende a reduzir, para o público, a tênue divisa entre ficção e realidade.

Avaliação: bom

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