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Tormenta
invisível
HELOÍSA SEIXAS
O escritor americano Paul
Auster conta que tomou
um susto com a derrubada
do Muro de Berlim. É que,
no exato dia, ele punha
ponto final em seu romance
"A Música do Acaso", que
falava de muros, de libertação. "Toda vez que penso
nisso, começo a tremer."
Com razão. Escrevendo,
às vezes desencadeamos
uma espécie de tormenta
invisível, que acaba refletida na vida palpável. Ficção,
alimentada pelos eflúvios
de quem cria (ou de quem
lê), pode ganhar força -e
materializar-se. Escrever é
manifestação do sobrenatural. Escritores nunca deveriam ser incréus.
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