São Paulo, terça-feira, 20 de outubro de 2009

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Diretor de Harvard apoia digitalização, mas questiona o modelo do Google

DO ENVIADO A FRANKFURT

O historiador Robert Darnton, professor e diretor da biblioteca da Universidade Harvard, tem sido voz dissonante entre os que apontam os riscos que os livros correm diante do avanço da tecnologia. A seguir, os destaques da entrevista dele à Folha (MS).

 

FOLHA - O fascínio pela tecnologia e pelos livros eletrônicos leva à ideia de que os livros desaparecerão?
ROBERT DARNTON
- [O fascínio] Tem levado a um caso coletivo de "falsa consciência". Achamos que a tecnologia vai resolver todos os nossos problemas. Mas, na verdade, há um número crescente de livros publicados. E no velho formato do códice, criado na época de Cristo.
Isso não quer dizer que a tecnologia não abra possibilidades maravilhosas. Nosso futuro imediato vai mostrar uma combinação de tecnologia digital e textos impressos.

FOLHA - A internet pode ser comparada com o uso de panfletos políticos e impressos no século 18?
DARNTON
- O ideal da democratização do conhecimento está ligado ao Iluminismo. Os filósofos estavam comprometidos com uma república das letras, mas viviam numa sociedade em que apenas a minoria podia ler. A tecnologia permite acesso a milhões de livros. Por isso, cito a digitalização que está sendo feita pelo Google. Não me oponho à criação de um banco de dados digital. O que me preocupa são os abusos de preços e a invasão de privacidade.

FOLHA - O sr. se sente confortável lendo nos leitores eletrônicos?
DARNTON
- Não! Sinto falta principalmente dos jornais. Adoro ler meu "New York Times" às 5h30 da manhã. A primeira página é um mapa do dia anterior. Tudo é organizado por profissionais que dão sentido aos fatos. No Kindle, só se veem histórias isoladas.


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