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CRÍTICA
Quase-silêncio dá golpes na violência
DA REPORTAGEM LOCAL
A violência social brasileira sempre foi o
principal material de trabalho do atuante grupo O Rappa. Seu carisma junto ao público de periferia (mas não só ali) brotou do ato de o
grupo processar violência
em arte -em arte cândida,
de forte asco à brutalidade.
Pois recentemente a violência se intrometeu como
nunca no cotidiano do Rappa. De inimiga número um,
passou a agressora direta, no
drama de Yuka ou nos desentendimentos internos.
Era vital que houvesse "O
Silêncio Q Precede o Esporro" -mesmo sem Yuka, ele
é a declaração de que a violência perdeu, O Rappa ganhou. É admirável, por isso,
que não seja um disco acuado, que traga até Zeca Pagodinho cantando "Maneiras".
Sofre, sim, da falta de Yuka
-as letras ficaram assustadas, não dizem de cara o que
querem dizer. Mas dissipa o
medo de que o Rappa tivesse
um cérebro só (nenhuma
banda tem; sem Chico
Science, a Nação Zumbi sobrevive, evolui e lota shows).
Torcendo por Yuka (como
nos lamentos "my brother"
de "Rodo Cotidiano"), O
Rappa apresenta trabalho de
consistência antes de tudo
musical. Os arranjos são
complexos, sempre ricos. As
inúmeras vinhetas quase
mudas são uma porretada
na cabeça de todo mundo
-arremessada pelo Rappa,
como sempre, em forma de
candura, de quase-silêncio.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
O Silêncio Q Precede o Esporro
Grupo: O Rappa
Lançamento: Warner
Quanto: entre R$ 17,90 e R$
23,90, segundo a banda
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