BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Numa esperta estratégia de marketing, a Paramount solta no mercado dois DVDs de "Guerra dos Mundos": a versão de Steven Spielberg com um disco a mais, só de extras, e uma nova edição do filme de 1953, agora também com material adicional.
No total, são quase sete horas de alienígenas invadindo a Terra e explodindo seres humanos pelos ares e mais informações do que você de fato precisa.
A história é velha conhecida, para ambas as versões: adaptações do livro de H.G. Wells de 1898. Mudam o enfoque e a metáfora para os invasores: em 1953, os aliens eram os comunistas; em 2005, eles são os terroristas que ameaçam a América. Mudam, claro, os efeitos especiais, e aí os extras de ambos os DVDs permitem visualizar a lógica de produção de duas épocas distintas.
Tome-se como exemplo o filme de Spielberg. Os extras têm quase três horas de duração: estão lá capítulos de título auto-explicativo, como "O Legado de H.G. Wells". Se lembrarmos que, com George Lucas, Spielberg redefiniu o cinema americano a partir dos anos 70 (ou causou sua infantilização, dizem os detratores), esses extras têm significado maior.
Sem citar nomes, o diretor dá certa cutucada no amigo Lucas. Diz que, até hoje, prefere criar cenários e maquetes a ter que fazer os atores contracenarem com fundos verdes ou azuis -técnica usada para a posterior inserção de efeitos de computador. Assim, afirma respeitar atores. Lucas, ao contrário, praticamente dirige técnicos, e não atores.
Já o "Guerra dos Mundos" de 1953 tem dois documentários e o áudio da célebre transmissão radiofônica de Orson Welles. No making of, o produtor do filme, George Pal, é chamado de "Steven Spielberg e George Lucas de sua época" e são reveladas as hoje rudimentares técnicas usadas para dar vida aos aliens. Não são apenas estes que se tornaram mais grandiosos e opressores.

Guerra dos Mundos
   
Direção: Steven Spielberg
Distribuidora: Paramount; R$ 49,90 (DVD duplo)
Guerra dos Mundos
   
Direção: Byron Haskin
Lançamento: Paramount; R$ 29,90