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comentário
Dramaturgia une europeus e nativos
LUIZ FERNANDO RAMOS
CRÍTICO DA FOLHA
O teatro brasileiro é o
encontro das tradições européias com uma teatralidade nativa. O espanhol
José de Anchieta consagrou-se como marco de
primeira dramaturgia.
O primeiro estrangeiro
reformador do nosso teatro foi o ensaiador, ator e
empresário português
Furtado Coelho. Ele foi o
introdutor, em meados do
século 19, da nova escola
de interpretação realista.
Outro português, Eduardo
Vitorino, defendeu, no início do século 20, a encenação simbolista.
É na segunda metade do
século 20 que uma legião
de estrangeiros, chegados
no pós-guerra, irá revelar a
arte do teatro. O mais famoso deles é o polonês
Zbigniew Ziembinski, por
ter inscrito sua encenação
de "Vestido de Noiva", de
Nelson Rodrigues, em
1943, no panteão de nosso
modernismo teatral.
Na sua esteira vieram os
jovens encenadores contratados pelo empresário
Franco Zampari para fortalecer o Teatro Brasileiro
de Comédia. O mais influente foi Ruggero Jacobbi. Outro italiano inesquecível foi Gianni Ratto, decisivo na cenografia.
Na década de 60, destaca-se a presença do ator
russo Eugênio Kusnet,
que não só tinha brilhado
em montagens do TBC,
Arena e Oficina como se
tornara o pedagogo por excelência de uma geração
de atores no método de
Stanislavski. No mesmo
período, artistas não exatamente radicados aqui
realizaram trabalhos marcantes. É o caso do argentino Victor Garcia e dos
norte-americanos Julian
Beck e Judith Malina.
Mais recentemente, um
nome inevitável é o de Gerald Thomas. Apesar de
carioca, ele se coloca como
um estrangeiro em seu
país. Como seus antecessores, foi veículo de renovação e aprimoramento de
nosso teatro.
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