São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 2008

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comentário

Dramaturgia une europeus e nativos

LUIZ FERNANDO RAMOS
CRÍTICO DA FOLHA

O teatro brasileiro é o encontro das tradições européias com uma teatralidade nativa. O espanhol José de Anchieta consagrou-se como marco de primeira dramaturgia.
O primeiro estrangeiro reformador do nosso teatro foi o ensaiador, ator e empresário português Furtado Coelho. Ele foi o introdutor, em meados do século 19, da nova escola de interpretação realista. Outro português, Eduardo Vitorino, defendeu, no início do século 20, a encenação simbolista.
É na segunda metade do século 20 que uma legião de estrangeiros, chegados no pós-guerra, irá revelar a arte do teatro. O mais famoso deles é o polonês Zbigniew Ziembinski, por ter inscrito sua encenação de "Vestido de Noiva", de Nelson Rodrigues, em 1943, no panteão de nosso modernismo teatral.
Na sua esteira vieram os jovens encenadores contratados pelo empresário Franco Zampari para fortalecer o Teatro Brasileiro de Comédia. O mais influente foi Ruggero Jacobbi. Outro italiano inesquecível foi Gianni Ratto, decisivo na cenografia.
Na década de 60, destaca-se a presença do ator russo Eugênio Kusnet, que não só tinha brilhado em montagens do TBC, Arena e Oficina como se tornara o pedagogo por excelência de uma geração de atores no método de Stanislavski. No mesmo período, artistas não exatamente radicados aqui realizaram trabalhos marcantes. É o caso do argentino Victor Garcia e dos norte-americanos Julian Beck e Judith Malina.
Mais recentemente, um nome inevitável é o de Gerald Thomas. Apesar de carioca, ele se coloca como um estrangeiro em seu país. Como seus antecessores, foi veículo de renovação e aprimoramento de nosso teatro.


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