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Crítica/"Lua Nova"
Filme se perde entre esturricado de triste e sangue com açúcar de meloso
CHICO FELITTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Como em "A Um Passo da Eternidade" (1953), o segundo episódio da saga Crepúsculo, "Lua Nova", que estreia hoje, tem uma cena de amor a dois à beira d'água.
Só que, em vez de beijo apaixonado nas marolas, o moreno galã Taylor Lautner, 17, faz
massagem cardíaca para reviver a protagonista Bella Swan, personagem de Kristen Stewart,
19. Ela tinha meio que tentado se matar, por amor. A cena resume o filme, que mostra a via-crúcis da namorada do vampiro Edward Cullen após fazer 18 anos e ganhar dele um homérico pé na bunda.
Depois de ouvir "Você não é boa o suficiente para mim", da boca roxa de Edward, o sex
symbol dos sub-20 Robert Pattinson, ela cai em depressão. Busca apoio no nativo- americano Jacob, que surge 15 kg mais musculoso (e bem melhor ator) do que em "Crepúsculo". Ao conviver com os índios, Bella se embrenha no universo dos lobisomens -os únicos caninos à mostra nesse episódio. Enquanto a mocinha sofre enfurnada, Edward leva seus muxoxos para passear. Atenção para a versão-relâmpago sombria do Cristo, no Rio. Quando estiveram de verdade no Brasil, há duas semanas, Stewart e Lautner disseram à Folha que o episódio teve produção maior do que o anterior.
Mal se nota: os efeitos especiais são poucos e repetitivos, os lobisomens parecem cães
akita gigantescos e as cenas de luta foram espichadas ao máximo para os 130 minutos ganharem alguma ação. Em vão.
Mas o maior desafio do roteiro era burlar o sumiço completo de Pattinson. No livro, Edward mal aparece- e Pattinson é o que a garotada quer. Para sanar o afã da plateia
pelo cabelo bagunçado do ator, o diretor Chris Weitz usou um recurso fantasioso à "A Bússola de Ouro": incluiu um fantasma do vampiro que aparece de quando em quando -e que no livro era um delírio sonoro.
A trilha sonora, escolhida entre indicações da autora do livro, Stephenie Meyer, é excepcional, e usada quase toda nos primeiros minutos de exibição.
Tem bandas de indie rock como Director e Band of Skulls, sucessos teen como The Killers
e até o Radiohead Thom Yorke.
Uma pena que rock não combine com os poucos momentos de amor do casal pudico. Edward e Bella se chamam de "felicidade" e fazem juras de amor em vez de dar bom dia. Mas pedem licença para se beijar.
Um filme de vampiro tão açucarado que, como nas películas B de terror, devem ter
usado calda de chocolate para fazer as vezes de sangue.
A SAGA CREPÚSCULO: LUA NOVA
Direção: Chris Weitz
Produção: EUA, 2008
Onde: estreia no Anália Franco UCI, Eldorado Cinemark e circuito
Classificação: não recomendado a menores de 12 anos
Avaliação: regular
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