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São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 2003

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ENTRELINHAS

De olho nas "escuelas"

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Buemba, buemba. Depois de receber dois conglomerados estrangeiros em 2003, a espanhola Planeta e a francesa Larousse, o mercado editorial brasileiro começará 2004 com outra gigante européia entre nós. Líder no mercado de didáticos na Espanha, o poderoso Grupo SM começa a operar no Brasil já no próximo mês.
A empresa, que tem faturamento na casa dos 150 milhões, atuará aqui com o selo Edições SM, estampado em livros paradidáticos, de literatura infantil e, claro, nos didáticos .
Dois diretores da empresa confirmaram a informação para a coluna "Entrelinhas", por telefone, do México. Rodrigo García e Juan Pablo Guereño dizem que é "investimento de grande porte e de longo prazo", mas não falam em cifras. "O mercado brasileiro é difícil, mas é muito interessante. Teremos de aprender bastante", diz Guereño.
Com operações fortes no México, no Chile e na Argentina, o Grupo SM trabalha atualmente na formação da equipe brasileira. "Preferimos montar uma operação nossa, como a Planeta, do que comprar outra editora, como a Santillana (dona da Moderna)", afirma García.

FORA DA ESTANTE

"O Bom Soldado Svejk", de Jaroslav Hasek, é um romance que anda de braços dados com a expressão "obra-prima satírica". As aventuras do recruta gordo, de barba malfeita, que contrapõe uma aparente ingenuidade a opiniões altamente iconoclastas, colocam o autor ao lado de Kafka no pódio das letras tchecas (e eles tiveram algo em comum: nasceram em 1883, com 60 dias de diferença, na mesma Praga; morreram Hasek em 1923, Kafka em 1924). Se Kafka chafurdou na burocracia, Hasek foi de artista de rua a soldado na Primeira Guerra, prisioneiro dos russos na Ucrânia. Daí veio o substrato para a série do soldado Svejk (ou Schweik), apontada recentemente pelo húngaro-britânico Tibor Fischer como sua obra predileta de ficção do Leste Europeu, no jornal "Guardian". No Brasil, o soldado está na reserva. Não há nada de Hasek nas estantes.

MSR
Principal agência literária do país, a BMSR agora é 100% brasileira. Lucia Riff, "dona do MSR" do nome da agência (Mello e Souza Riff), acaba de comprar as cotas que eram da mega-agente espanhola Carmen Balcells (o "B" da história). Os novos sócios são Laura e João Paulo, filhos de Lúcia que já trabalhavam com ela.

REFLORESTAMENTO
A obra de Florestan Fernandes, quase toda "fora da estante", está prestes a retomar o rumo das prateleiras. A maior parte de seus melhores trabalhos, como "A Integração do Negro na Sociedade de Classes" e "A Função Social da Guerra na Sociedade Tupinambá", está sendo negociada pela família com três editoras.

CAIPIRINHA
Em entrevista ao jornal "Washington Post" nesta semana, Paul Auster declarou que virá pela primeira vez ao Brasil em julho. O escritor é mais um convidado confirmado para a segunda edição da Festa Literária Internacional de Parati.

CAMISA 12
Futebol e saxofone têm sido os gramados do polivalente Luis Fernando Verissimo. O escritor acaba de finalizar um livro sobre o seu time, o Internacional, e está nas lojas de disco com "A Bossa do Jazz" (Paulinas), de seu grupo Jazz 6.

DA VINCI
"Da Vinci Code", do americano Dan Brown, maior fenômeno literário de 2003 (primeiro lugar nos EUA, Espanha, Itália etc.), entra em 2004 com casa no Brasil. A editora Sextante lança o livro em abril.

MARCO ZERO
O centro de São Paulo volta a ter uma livraria nova na segunda. O espaço, na rua 15 de Novembro, 316, é fruto de parceria da Imprensa Oficial do Estado com a Associação Brasileira de Editoras Universitárias.

ASSIM FALOU ZARATUSTRA
Carlinhos de Jesus chacoalhou o jantar de confraternização da Câmara Brasileira do Livro. O passista colocou os sócios da instituição, que encheram a Casa da Fazenda, em São Paulo, para dançar da salsa ao samba e filosofou: "A dança é a poesia em movimento".

elek@folhasp.com.br


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