São Paulo, quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

No adeus, Sandy, Junior e fãs se unem em choro

Público de 6.000 pessoas lotou Credicard Hall, em SP, e jogou rosas no palco; fã-clubes e equipe foram homenageados

Último show tem Ivete Sangalo e conversa sobre volta; "A gente é irmão, não está terminando por causa de briga", disse Junior

Alex Almeida/Folha Imagem
Sandy e Junior na apresentação realizada anteontem, em SP


CRISTINA FIBE
DA REPORTAGEM LOCAL

Anteontem, em SP, no anunciado "último show de Sandy e Junior", o clima entre os fãs mudou de "a gente entende que isso é o melhor para eles" para "estão tirando uma parte de mim" logo na primeira música.
Jovens entre 16 e 26 anos se amontoavam na pista do Credicard Hall -além de algumas crianças, apesar da censura de 14 anos - entre lágrimas e coros de "in-se-pa-rá-veis", enquanto meninas desmaiadas eram carregadas para a enfermaria. Segundo a organização, 6.000 pessoas lotaram a casa para ver o show, pouco menos de 400 delas convidadas.
Mesmo antes do início do espetáculo, do lado de fora do Credicard Hall, às 20h (o show estava marcado para as 21h30), já havia tumulto. Fãs com faixas na cabeça e rosas brancas nas mãos pediam, aos gritos, que as portas fossem abertas.
Os irmãos, que haviam dito, em coletiva antes do show, que ele seria "muito alegre", acompanharam o choro. Entre afirmações como "vocês não têm noção do que é", "não sei como vamos conseguir chegar até o fim" e "é o último show juntos só daqui pra fora; daqui pra dentro continuamos sempre juntos", Sandy e Junior cantaram todos os sucessos (sim, teve "Maria Chiquinha").
Abafados pelo coro dos fãs, fizeram declarações de amor um ao outro, se ajoelharam no chão aos prantos e se abraçaram. Teve até vídeo à la festa de 15 anos -com cenas do início da carreira ao anúncio da despedida, passando por flashes de entrevistas nos programas do Jô, da Hebe, do Luciano Huck...

"Não sou fã"
Um dos convidados mais célebres presentes era Andreas Kisser, do Sepultura, que já tocou com Junior. "Não sou fã da dupla, mas conheço os dois, aprendi a conhecer pelos meus filhos e minha esposa... É uma galera boa, que faz um show competente." Andreas usou tampões amarelos nos ouvidos durante o show.
Perto dele, entre os VIPs, estava parte da Família Lima. Lucas, o noivo de Sandy, não apareceu por lá, mas o irmão Moisés, parecido com ele, foi assediado em seu lugar.
Isolados na mesa de som, em pé, estavam Noely Pereira Lima e Xororó. A mãe viu o show com os olhos cheios d'água e um lencinho branco nas mãos. Os fãs se aproximavam, com cara de quem busca consolo.
Boa parte da extensa equipe de funcionários também assistiu a tudo com olhos de enterro. Até a baiana-sempre-feliz Ivete Sangalo se emocionou ao subir ao palco, meio rouca, para cantar duas músicas.
Apesar da pouca idade (24 e 23 anos, respectivamente), Sandy e Junior têm (ou tinham) em torno de si uma senhora equipe de profissionais -que subiu ao palco ao fim do show, para que Sandy pudesse agradecê-los um a um.

Possível volta
No evento, tudo é calculado, certinho como a maquiagem da Sandy. Na entrevista coletiva antes do show, fotógrafos e repórteres se empurram para falar por 15 minutos com os dois.
A assessora alerta o segurança: "Checa todas as pulseiras porque tem fã que dá gato". Mais de uma hora depois da hora marcada, Sandy e Junior chegam para botar ordem no barraco -antes de tudo, as fotos; Sandy aponta para a esquerda. "Primeiro pra lá, tá?" E Junior olha para o mesmo ponto que a irmã, depois para o centro, para a direita, como em uma coreografia. Depois dá um grito para pedir silêncio.
Muito simpáticos, um completando as frases do outro, os dois já admitem a volta da dupla, "mas não agora". "Até começar a pensar numa volta vai ser um longo processo, mas não é impossível, a gente é irmão, não está terminando porque a gente está brigado", diz Junior.
O tio Chitãozinho, em um camarote, também admite que os sobrinhos podem voltar a cantar juntos. "Mas é que eles amadureceram demais, e isso despertou interesse por um outro tipo de música, que cada um quer fazer", explica.
Apesar de Sandy repetir que a turnê acústica, que durou oito meses, "foi alegre", Junior fala da dificuldade da "despedida de 17 anos de um estilo de vida".
Dificuldade que foi acompanhada por fãs organizados há anos para (per)seguir a dupla, representados anteontem por presidentes e vice-presidentes de fãs-clubes do Brasil inteiro, que usavam camisetas verdes, feitas para o show e que deram direito a uma subida no palco.

Jogando rosas
Outra homenagem, organizada por uma comunidade no Orkut, foi feita com rosas brancas, jogadas no palco. Mariana Bueno, 16, conta que houve "até gente vendendo rosa" do lado de fora da casa de espetáculos.
Já Roberta Ribeiro, 26, que veio de Goiânia para o evento, nem de longe conseguiu ver a dupla. Ela chegou ao meio-dia no Credicard Hall, pegou lugar na frente, mas, antes de o show começar, passou mal e foi retirada por seguranças. Ouviu todas as músicas na enfermaria.
Depois de cerca de duas horas de show, família e equipe sobem ao palco e, depois da saideira, a dupla, de mãos dadas, dá tchau para os fãs. Sandy chora muito, os dois ameaçam sair, mas ficam enrolando no canto do palco. "Não quero ir embora", diz Sandy. E o público chora mais, os fãs se abraçam.
Agora acabou mesmo (pelo menos este show). A pista vai se esvaziando, e o estudante Juarez Velozo, 19, se joga de joelhos no chão, aos soluços.
"Eu vim sozinho, acompanho todos os shows, tenho fotos deles, muitas, muitas fotos", diz. "É o surgimento de um vazio... Sou fã desde muito, muito pequeno. Tenho rótulo de guaraná, caixa de perfume deles, pôster em tamanho natural, tenho tudo deles", chora.
Pelo menos, afirma Velozo, segurando o celular para exibir uma foto sua com a dupla, ela conseguiu, no último show, "mostrar o quanto os fãs são importantes" para eles.


Texto Anterior: Horário nobre na TV aberta
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.