São Paulo, quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

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Mônica Bergamo

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ELISA BRACHER

Divulgação/Cosac Naify           Marcelo Soares/Folha Imagem
Elisa (à dir.) diz que o trabalho foi danificado no palácio

"Dona Marisa não suportava a obra"

Uma escultura em madeira de cinco metros de altura que decorava o Palácio da Alvorada, em Brasília, chegou a SP nesta semana -podre e quebrada.
Encomenda de dona Ruth Cardoso à artista plástica Elisa Bracher para o jardim da casa presidencial, a escultura, diz a autora, "incomodou" a primeira-dama Marisa Letícia. "A gente recebeu um telefonema da secretária dela, dizendo que a dona Marisa não suportava a obra e que era pra retirar imediatamente", diz Elisa, que tem esculturas na Alemanha e no jardim da universidade de Essex, na Inglaterra.

 

O palácio diz que recebeu o trabalho em 2001, com um contrato de comodato, sem pagamento, que venceu em 2002. Dois anos depois, "a presidência informou não ter interesse em permanecer com a obra". Dona Marisa não gostava dela? "Não vamos detalhar o motivo", diz a assessoria. Ainda segundo o palácio, a obra teria sido guardada em almoxarifado desde então. "Inúmeros contatos telefônicos" foram feitos à galeria de Raquel Arnaud, que representa a artista, pedindo a retirada -e nada. Apenas na semana passada, um guincho foi enviado para retirar o trabalho, que voltou para SP. Pouco antes de serrar o resto da escultura, Elisa Bracher falou à coluna:
 

FOLHA - O que aconteceu?
ELISA BRACHER -
A escultura chegou a SP na quinta-feira. A idéia era instalar no parque do Trote. Mas, quando ela chegou, a gente viu que estava dividida em duas. Os parafusos estavam estourados de uma maneira super violenta. Na sexta, a gente tentou pôr de pé e não parou. A madeira tá podre, toda fofa.

FOLHA - A senhora está chateada?
ELISA -
É óbvio que você fica chateado quando alguém diz: "Não quero seu trabalho". Agora, esse direito de destruir uma obra, não tem, não existe isso! Ela não tem esse direito! Eles feriram meu direito.

FOLHA - A obra foi bem cuidada?
ELISA -
Não. Só ficou no almoxarifado durante um tempo. Depois, eles falaram que a gente tinha que pagar o aluguel do almoxarifado. Eu falei com Raquel [Arnaud]: "Não vamos pagar aluguel, pelo amor de Deus! Já chega o jeito que a gente tá sendo tratado". Tá certo que a gente tá um pouco lento, mas... Aí eles abandonaram. Um amigo meu passou em Brasília e avisou que estava tudo largado lá: no chão de terra, nos fundos do palácio, no tempo.

FOLHA - Por que rejeitaram a obra?
ELISA -
Eu não quero esse negócio de caça às bruxas. Mas eu tô louca da vida! Não é assim que se trata um artista. A dona Ruth veio pessoalmente ao meu ateliê e me pediu que fizesse uma obra para o palácio. Eu fiz, fui lá colocar e fui muito bem tratada pela gestão FHC. Depois, a galeria recebeu um telefonema da secretária da dona Marisa, dizendo que ela não suportava a obra e que era pra retirar imediatamente. A galeria foi lenta no processo. Agora, imediatamente, não dá pra retirar uma obra de dez toneladas.

FOLHA - Por que acha que dona Marisa não "suportava" a obra?
ELISA -
Ela gosta e não gosta do que ela quiser, sei lá, não conheço. Eu não queria criar picuinha. Mas aposto que se fosse um general em cima de um cavalo não teria problema, sabe?

De molho
Além de limitar o número de faltas justificadas por atestado médico para até seis por ano - um professor pode, hoje, faltar cem dos 200 dias letivos -, o governo de SP deve baixar medida para coibir o excesso de ausências: a centralização de exames médicos no Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público. Hoje, qualquer médico particular pode dar atestado que justifica faltas.

VIDA REAL
Os líderes da oposição, José Agripino (DEM-RN) e Arthur Virgílio (PSDB-AM), tiveram anteontem encontro "secreto" com o ministro José Múcio (PTB-PE), das Relações Institucionais de Lula. No bolso, levaram uma listinha de reivindicações de alguns estados - entre eles o de Mato Grosso.

VIDA REAL 2
Agripino confirma o encontro, "muito breve, sem qualquer conseqüência". Onde foi? "O lugar não importa", disse ele à coluna, para depois revelar: "Foi na minha casa". O líder confirma que fez reivindicações, digamos, pontuais. "Tomamos como bandeira nossa a renegociação da dívida de Mato Grosso e o fornecimento de gás para o Estado pela Petrobras." Mas ele diz que a "pedra de toque" foi a exigência de que Lula não aumente impostos.

A GENTE SE VÊ
Diagnóstico de Fernando Henrique Cardoso feito à Folha: "Já falei demais este ano". Como últimas palavras de 2007, ele deseja "feliz Ano Novo a todos, especialmente ao Lula e inclusive ao Tarso Genro [ministro da Justiça]", que vive dizendo que FHC é invejoso.

PARIS NÃO VEM
Paris Hilton dará bolo no Réveillon de Floripa. Ela foi contratada para ser a anfitriã da festa do Lax Club, de Las Vegas.

RICKY NÃO
A "Playboy" não poderá citar o jogador Richarlyson na edição de janeiro, que vai ter sua ex-namorada, Letícia Carlos, na capa. Além do nome do volante, a notificação enviada à revista também veta palavras como "Ricky" (apelido do atleta), "jogador de futebol" e "jogador do São Paulo".

EM INGLÊS
A editora Rizzoli, de Nova York, fechou negócio com a Cosac Naify.

 

Acaba de lançar nos Estados Unidos, no Canadá e na Inglaterra o livro "Paulo Mendes da Rocha: Fifty Years".

A MAIS PEDIDA
Preta Gil reclamou em seu blog que o "Superpop", da RedeTV!, reprisou três vezes uma entrevista que ela deu para Luciana Gimenez. "Gente, a entrevista ficou velha (...) mas pelo visto ou tapa buraco, ou dá audiência!" A emissora explica que a atração está entre as mais pedidas pelo telespectador.

COM MANOBRISTA
O estilista Ricardo Almeida não participará da SP Fashion Week pelo segundo ano consecutivo. Para ele, o evento "tornou-se grande demais, com gente demais ". "Prefiro um desfile só meu, na Daslu, com manobristas, champanhe e apenas os meus convidados."

CURTO-CIRCUITO

"A CAUDA DO DINOSSAURO", curta com roteiro de Christiane Tricerri e Angeli, estréia hoje, às 21h, no Espaço Unibanco.
O LIVRO "OCA - ARQUITETURA NO BRASIL - CASAS", com projetos de 70 profissionais, será lançado hoje, no showroom da Roca.
A TOP ISABELI FONTANA lança hoje sua coleção de moda infantil na loja da grife Monne, no shopping Iguatemi, às 19h.

com AUDREY FURLANETO, DIÓGENES CAMPANHA e DÉBORA BERGAMASCO

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