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Crítica/"Campo Ampliado"
Boa exposição de arte contemporânea marca fase estável do IAC
Mostra atual é elogiável, mas seria bom ampliar leque de
artistas que venham a participar de futuras exposições
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
É prática dos museus
paulistas com coleções
de arte contemporânea
não exibirem seu acervo de forma permanente, o que leva nomes fundamentais como Mira
Schendel (1919-1988) ou Amilcar de Castro (1920-2002) a serem vistos só em mostras temporárias. Aberto há menos de
um mês de forma regular, o
Instituto de Arte Contemporânea resolve parte dessa invisibilidade, reunindo ainda Willys
de Castro (1926-1988) e Sergio
Camargo (1930-1990).
"Campo Ampliado" é a mostra que inaugura essa fase estável do IAC -no ano passado, a
instituição organizou uma
inauguração parcial com exposição de curta duração. Com
curadoria do crítico Paulo Sergio Duarte, a exposição reúne,
além dos quatro artistas que
são o núcleo central do instituto, outros seis nomes: três artistas que os antecederam (Alfredo Volpi, Jean Arp e Lucia
Fontana) e outros três contemporâneos (Arthur Luiz Piza, José Resende e Tunga).
É estranho que Duarte tome
emprestado o título da mostra
da norte-americana Rosalind
Kraus, que criou o conceito de
"campo ampliado" para definir
uma nova forma de realização
escultórica para além dos parâmetros modernistas, e discuta
também a modernidade desses
artistas. A escolha, no entanto,
não compromete a mostra.
No texto do catálogo, o curador realiza paralelismos entre
as obras: "a pura visualização"
de Resende com os objetos ativos de Willys de Castro, os "feltros dobrados" de Tunga com
as dobras no ferro de Amilcar
de Castro, deixando, por exclusão, Schendel e Piza como uma
terceira dupla.
São aproximações um tanto
formais, como comparar as dobras de Tunga com as de Amilcar, o que até reduz tais trabalhos a suas materialidades, mas
são possíveis caminhos de análise. Sem dúvida, um instituto
que se dedica a apenas quatro
artistas amplia muito o escopo
desse grupo ao criar novas possibilidades de leituras no diálogo com outros artistas, e isso
ocorre de forma intensa também com Volpi, Arp e Fontana.
Tratando-se de uma instituição que conta com a contribuição de recursos públicos e funciona na área de uma universidade pública, é preciso que esse
campo de artistas, em futuras
exposições, seja ampliado ainda mais, sob o risco de colocar o
projeto em risco, conectando-a
a interesses particulares.
Em "Campo Ampliado", tanto as obras de Tunga como as de
Resende que participam da
mostra pertencem ao acervo da
galerista Raquel Arnaud, que é
presidente do IAC. Já a artista
Mira Schendel é representada
pelo galerista André Millan,
por sua vez diretor do instituto.
CAMPO AMPLIADO
Quando: de ter. a sáb, das 10h às 19h; dom., das 12h às 17h; até 30/3
Onde: Instituto de Arte Contemporânea (r. Maria Antonia, 258, Vila Buarque, tel. 0/xx/11/3255-2009)
Quanto: entrada franca
Avaliação: bom
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