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Crítica
Comédia mostra lado amargo de Billy Wilder
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Num filme cheio de momentos interessantes como "Se
Meu Apartamento Falasse"
(TC Cult, 14h25, 14 anos), a cena que me vem à memória -e,
suponho, de muita gente- é a
de Jack Lemmon passando o
macarrão na raquete de tênis.
Ela fala da tensão que Jack
sente na presença de Shirley
MacLaine, a garota que ele
quer namorar mas também do
tipo de bagunça em que consiste sua vida, sobretudo a moral.
Afinal, o seu apartamento é o
lugar que, sem que ele saiba,
Shirley frequenta na companhia do chefe. Pois, para agradar o chefe e subir na vida, ele
cede a própria casa.
Esse momento desengonçado é, talvez, a única coisa verdadeira que Jack, um abominável puxa-saco, tem a oferecer à
garota. É nessa singela falta de
jeito que se anuncia o início do
que se pode chamar de sua regeneração nesta notável comédia amarga de Billy Wilder.
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