São Paulo, segunda-feira, 20 de dezembro de 2010 |
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CRÍTICA DANÇA "Giselle" vira coadjuvante em montagem do Balé da Cidade Espetáculo apresentado no fim de semana revelou dramaturgia frágil ANA FRANCISCA PONZIO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Está contida na cena final toda a poética de "Giselle", espetáculo que o Balé da Cidade de São Paulo (BCSP) apresentou no Auditório Ibirapuera ontem e anteontem. Surpreendendo o público, o fundo móvel do palco se abre e agrega o parque ao cenário. Lá fora, uma das três bailarinas que interpreta o papel-título dança em meio à imensa paisagem verde. Na beirada do palco, como num precipício, o bailarino que representa Albrecht contempla a amada inalcansável e atira-se no vazio. Esta cena de curta duração contrasta com o restante do balé, que, ao longo de 80 minutos divididos por um intervalo, persegue resultados sem alcançar a grandeza que a obra exige. Ao produzir uma versão contemporânea de um balé de tamanha importância, o BCSP optou por um desafio e tanto. Com uma primorosa combinação de dança e dramaturgia, "Giselle" manteve a vitalidade desde sua estreia, em 1841, escapando da condição de ser peça de museu. O coreógrafo russo George Balanchine (1904-1983) comparava "Giselle" ao "Hamlet" de Shakespeare (1564-1616), por serem extremamente bem construídos. Sem contar que entre as releituras que trouxeram o enredo para a atualidade, há a marca do coreógrafo sueco Mats Ek, cuja versão de 1982 foi uma obra-prima. É a releitura de Ek que parece servir de referência para a "Giselle" do BCSP, coreografada por Luiz Fernando Bongiovanni e com dramaturgia e direção teatral de Edson Bueno. Mantendo a estrutura original, o espetáculo usa a divisão em dois atos e a música completa de Adolphe Adam. SEM EMPATIA Bastante dançada, a remontagem procura explorar as diversas facetas de Giselle por meio de três bailarinas no mesmo papel. Porém o trio não marca grandes diferenças, atua quase por igual e os aspectos psicológicos da personagem não vêm à tona. Sem criar empatias, Giselle, em vez de protagonista, vira coadjuvante, a ponto de, em certo momento do espetáculo, ficar à sombra de um personagem secundário -a rival Bathilde, dançada por Marisa Bucoff. Por conta de uma dramaturgia frágil, o espetáculo não ganha densidade e apenas no átimo da cena final deixa vislumbrar o que poderia ser. GISELLE AVALIAÇÃO regular Texto Anterior: FOLHA.com Próximo Texto: Série "Dionisíacas" testou limites físicos do público Índice | Comunicar Erros |
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