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Filme em que EUA é vilão tem debate "desconfiado"
"Novo Século Americano" atrai visões opostas de Fernando Meirelles e Luiz Felipe Pondé
Cineasta diz "desconfiar de jornais e jornalistas'; filósofo rechaça teorias conspiratórias e compara documentário à tese dos "Sábios de Sião"
DA REPORTAGEM LOCAL
A desconfiança foi o tom predominante do debate ocorrido
anteontem à noite, em São Paulo, a respeito do documentário
"Novo Século Americano", do
italiano radicado nos EUA
Massimo Mazzucco, que tem
estreia prevista para esta sexta.
O filme foi exibido no projeto
Folha Documenta, no Cine
Bombril, com debate subsequente entre o cineasta Fernando Meirelles, que distribui
o documentário no Brasil; o filósofo Luiz Felipe Pondé, colunista da Folha; o ator Paulo
Betti, narrador da versão brasileira do título, e Donald Ranvaud, produtor do longa.
No documentário, Mazzucco
mostra uma visão desabonadora da política externa americana, apontando interesses econômicos por trás de iniciativas
militares cujos objetivos declarados são a defesa do país, como a Guerra do Iraque.
Teorias conspiratórias
É do mesmo diretor o documentário "Engano Global", que
defende a tese de que os ataques do 11 de Setembro foram
engendrados pela própria administração norte-americana.
"Tenho tendência a duvidar
de teorias conspiratórias", afirmou Pondé. O filósofo associou
"Novo Século Americano" aos
"Sábios de Sião, aquela tese que
circulou, no passado, de um
grupo de sujeitos que montaram uma teoria supostamente
científica de que os judeus
iriam dominar o mundo".
Meirelles disse: "Fora o tema, que é tocante, algo que me
pegou muito nesse filme é [a
demonstração de] como a informação é manipulada. Cada
dia desconfio mais de jornais e
de jornalistas". Foi aplaudido.
Paulo Betti também conquistou a plateia, com um comentário em que relacionou o filme
ao comercial da marca Bombril, exibido antes da sessão.
"Vimos uma propaganda em
que o [ator Carlos moreno, garoto-propaganda da] Bombril
aparece satisfeito por ter eliminado a concorrência. Acho que
isso tem muito a ver com esse
filme", afirmou Betti.
Ao produtor Donald Ranvaud coube o papel de porta-voz de Mazzucco. Defendeu-o,
por exemplo, da comparação
com o documentarista Michael
Moore ("Fahrenheit - 11 de Setembro"), feita por uma espectadora. "Michael Moore é exatamente o oposto do que a gente gosta. Não há nenhum protagonismo do diretor nem de ninguém nesse filme", disse.
Segundo Ranvaud, "Novo Século Americano" foi feito em
colaboração com 7.000 "cidadãos conscientes" recrutados
por Mazzucco via internet. Os
colaboradores enviaram ao diretor informações e imagens.
"Recebemos 400 vídeos de
soldados americanos no Iraque", disse o produtor, afirmando que foram descartadas
as imagens mais chocantes, que
tornariam o filme "impossível
de ver". Meirelles disse que "o
processo como o filme foi feito
é muito inspirador" para ele.
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