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SHOWMÍCIO
Morumbi cheio vibra com apresentação política de Bono e U2, que teve "hinos" da banda e até Declaração dos Direitos Humanos lida e projetada no telão
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Todos os detalhes são muito
bem ensaiados. A hora de correr
para a passarela, de fazer um discurso, de puxar alguém para o
palco. E deu certo. A comunhão
entre as 73 mil pessoas que, segundo os organizadores, foram
ao Morumbi ontem à noite e o U2
foi ainda mais catártica e impressionante do que a primeira passagem da banda por São Paulo, em
1998, no mesmo estádio.
Simpático e populista, Bono falou bastante. "U2 é irlandês. Deus
é brasileiro", gritou, no início do
show. E continuou, num português meio enrolado. "Copa do
Mundo. Vamos para o hexa."
Sim, "vamos". Se Deus é brasileiro, Bono também é.
O palco montado no Morumbi
foi algo jamais visto no país. Um
enorme telão formado por 12 mil
pequenas lâmpadas mostrava cada movimento da banda com nitidez. Programada para iniciar às
21h15, a apresentação começou às
21h39, com "Wake Up", música
dos canadenses Arcade Fire que
costumeiramente vem abrindo a
turnê dos irlandeses. Em seguida,
apareceu Bono, vestindo uma jaqueta com a bandeira brasileira
nas costas. "City of Blinding
Lights", canção do mais recente
CD do U2 ("How to Dismantle an
Atomic Bomb"), abriu o show.
A potente "Vertigo" veio logo
depois. O vermelho dava o tom,
tanto nas imagens do telão como
no figurino dos músicos. Quando
a canção terminou, o povo entoava "U2, U2".
"Oi, galera. Agora é a nossa
vez", manda Bono em português
antes de "Elevation". E mais:
"Obrigado, Franz Ferdinand. No
ano que vem, estaremos abrindo
para vocês." Claro que não. Show
grande assim é para banda que tenha hinos, e U2 tem de sobra:
"New Years Day", "I Still Haven't
Found" (para Quincy Jones, que,
segundo Bono, estava no estádio),
"Beautiful Day"... Um após o outro, em menos de uma hora.
Depois de o cantor ter puxado
um "ai, ai, ai, está chegando a hora", uma pequena bateria foi
montada em uma das extremidades de uma passarela. Larry Mullen, o baterista, mudou-se para
lá. Adam Clayton, o baixista, foi
para a outra passarela. Bono e The
Edge ficaram no palco. Depois, os
dois juntos seguiram pelas passarelas. Tudo certo para entrar
"Sunday Bloody Sunday", com
Bono batucando na microbateria.
Na seqüência, o showmício ganha contornos definitivos: surge
no telão uma leitura da Declaração dos Direitos Humanos.
A cada intervalo de canção, o
público continua gritar "U2, U2".
"Miss Sarajevo", que originalmente tinha Luciano Pavarotti
cantando junto com Bono, detona o momento de isqueiros e celulares ao alto. No final da canção,
Bono puxa um garoto ao palco.
Trêmulo e sem voz, ele canta alguns versos da música.
Bono levanta a bola da América
Latina. Cita países. Quando diz
"Argentina", o estádio vaia. Em
"With or Without You", puxa outra pessoa ao palco. Fim do primeiro bis. No segundo, vem "All
Because of You" e "Original of the
Species". Antiga, "40" também
aparece. Todos cantam. O show,
apoteótico, acaba ali, às 23h55.
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