São Paulo, terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

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SHOWMÍCIO

Morumbi cheio vibra com apresentação política de Bono e U2, que teve "hinos" da banda e até Declaração dos Direitos Humanos lida e projetada no telão

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Todos os detalhes são muito bem ensaiados. A hora de correr para a passarela, de fazer um discurso, de puxar alguém para o palco. E deu certo. A comunhão entre as 73 mil pessoas que, segundo os organizadores, foram ao Morumbi ontem à noite e o U2 foi ainda mais catártica e impressionante do que a primeira passagem da banda por São Paulo, em 1998, no mesmo estádio.
Simpático e populista, Bono falou bastante. "U2 é irlandês. Deus é brasileiro", gritou, no início do show. E continuou, num português meio enrolado. "Copa do Mundo. Vamos para o hexa." Sim, "vamos". Se Deus é brasileiro, Bono também é.
O palco montado no Morumbi foi algo jamais visto no país. Um enorme telão formado por 12 mil pequenas lâmpadas mostrava cada movimento da banda com nitidez. Programada para iniciar às 21h15, a apresentação começou às 21h39, com "Wake Up", música dos canadenses Arcade Fire que costumeiramente vem abrindo a turnê dos irlandeses. Em seguida, apareceu Bono, vestindo uma jaqueta com a bandeira brasileira nas costas. "City of Blinding Lights", canção do mais recente CD do U2 ("How to Dismantle an Atomic Bomb"), abriu o show.
A potente "Vertigo" veio logo depois. O vermelho dava o tom, tanto nas imagens do telão como no figurino dos músicos. Quando a canção terminou, o povo entoava "U2, U2".
"Oi, galera. Agora é a nossa vez", manda Bono em português antes de "Elevation". E mais: "Obrigado, Franz Ferdinand. No ano que vem, estaremos abrindo para vocês." Claro que não. Show grande assim é para banda que tenha hinos, e U2 tem de sobra: "New Years Day", "I Still Haven't Found" (para Quincy Jones, que, segundo Bono, estava no estádio), "Beautiful Day"... Um após o outro, em menos de uma hora.
Depois de o cantor ter puxado um "ai, ai, ai, está chegando a hora", uma pequena bateria foi montada em uma das extremidades de uma passarela. Larry Mullen, o baterista, mudou-se para lá. Adam Clayton, o baixista, foi para a outra passarela. Bono e The Edge ficaram no palco. Depois, os dois juntos seguiram pelas passarelas. Tudo certo para entrar "Sunday Bloody Sunday", com Bono batucando na microbateria.
Na seqüência, o showmício ganha contornos definitivos: surge no telão uma leitura da Declaração dos Direitos Humanos.
A cada intervalo de canção, o público continua gritar "U2, U2". "Miss Sarajevo", que originalmente tinha Luciano Pavarotti cantando junto com Bono, detona o momento de isqueiros e celulares ao alto. No final da canção, Bono puxa um garoto ao palco. Trêmulo e sem voz, ele canta alguns versos da música.
Bono levanta a bola da América Latina. Cita países. Quando diz "Argentina", o estádio vaia. Em "With or Without You", puxa outra pessoa ao palco. Fim do primeiro bis. No segundo, vem "All Because of You" e "Original of the Species". Antiga, "40" também aparece. Todos cantam. O show, apoteótico, acaba ali, às 23h55.


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