|
Texto Anterior | Índice
POLÍTICA CULTURAL
Governador assina Lei de Cultura e se candidata a figurante
Alckmin quer "pontas no cinema"
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que afirma ser
"pré-candidato" à Presidência da
República pelo PSDB, lançou-se
na manhã de ontem em outra
campanha - por um lugar de figurante no cinema.
"Sendo um apaixonado pelas
artes, especialmente o cinema, se
tiverem uma ponta em algum filme, podem convidar o governador", disse. Alckmin falava para
uma numerosa platéia de artistas,
não apenas cineastas.
Os convidados do governador
acompanharam a assinatura da
Lei Estadual de Incentivo à Cultura, na Sala São Paulo. Ao lado de
Alckmin no palco, além do cineasta João Batista de Andrade,
secretário de Estado da Cultura,
estava a atriz Regina Duarte, que
na campanha presidencial de
2002 gravou depoimento contrário à candidatura de Lula da Silva.
Em seu discurso, o governador
citou o investimento previsto para este ano -de R$ 45 milhões
por meio da lei- e afirmou que
"o mundo mudou. Cultura hoje é
emprego, renda, trabalho, atividade econômica e, acima de tudo,
visão de mundo".
A lei ainda depende de regulamentação para ser aplicada. O secretário Andrade, que classificou
o instrumento de "uma conquista
histórica", estima que o governo
comece a aceitar "no fim de maio"
a inscrição de projetos a serem
avaliados pelos critérios da lei.
Há dois mecanismos de patrocínio distintos previstos. O Estado
poderá fazer investimento direto,
priorizando "atividades que mais
necessitem de apoio", segundo a
Secretaria de Cultura. Nesse caso,
os projetos apoiados serão escolhidos por concurso (edital).
Outro mecanismo previsto pela
lei é o de renúncia fiscal, pelo qual
empresas ficam autorizadas a
destinar até 3% de seu ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços)
para patrocínio cultural. A renúncia do ICMS pelo Estado fica limitada a 0,2% da arrecadação anual.
Para obter esse tipo de patrocínio, produtores de projetos previamente aprovados segundo os
critérios da lei devem convencer
empresas a investir. É o procedimento em prática também nas
leis federais de incentivo à cultura, que deu origem ao neologismo
"captação de recursos".
A criação de uma lei de incentivo à cultura em São Paulo vinha
sendo discutida há anos na Assembléia Legislativa. O deputado
Vicente Cândido (PT), autor de
uma das propostas apresentadas,
faz críticas ao texto sancionado
ontem pelo governador.
Cândido se diz "temeroso" em
relação ao fato de não haver um
valor fixo do orçamento previsto
para a lei. O montante deverá ser
fixado por decreto, a cada ano.
O deputado afirma que a edição
da lei representa "um avanço
muito tímido" e reflete o modo
como "o PSDB trata a cultura, que
é o de achar que cultura é coisa da
classe média e que a classe média
tem dinheiro para comprar".
Em relação às críticas, Andrade
afirma que "a lei não é tímida",
diz que é resultado de "um consenso", mas que "ele [Cândido]
pode fazer outra lei, se quiser".
A Secretaria de Cultura divulgou que "o já existente Fundo Administrativo de Cultura" será
"um dos instrumentos da lei", a
ser usado complementarmente
aos recursos do Tesouro destinados para editais (investimento direto do Estado em projetos aprovados segundo a lei).
Entre as fontes do fundo citadas
pela secretaria está a Loteria da
Cultura. O secretário Andrade admitiu ontem que o mecanismo
"não está gerando recursos", mas
afirmou que a secretaria está
"reestruturando a Loteria e se
preparando para relançá-la".
Texto Anterior: Cinema 2: Ciclo Capote exibe "Bonequinha de Luxo" Índice
|