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Análise/Artes plásticas
Programação paralela supera Arco
Exposições de artistas brasileiros fora dos estandes da feira espanhola foram mais significativas que o evento principal
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A MADRI
Em comparação com as
exposições do Ano do
Brasil na França, em
2005, os eventos paralelos à 27ª
Arco, a Feira Internacional de
Arte Contemporânea de Madri,
encerrada na última segunda,
foram muito mais significativos. O Brasil foi o país convidado do evento e teve espaço para
reunir 32 galerias nacionais.
A programação, tanto oficial
como paralela, foi coordenada
pelo governo brasileiro e teve
curadoria de Moacir dos Anjos
e Paulo Sergio Duarte. No chamado circuito off, foram realizadas obras e intervenções de
grande porte em instituições
importantes, como as de Carmela Gross e Fernanda Gomes
no Matadero Madri, de Miguel
Rio Branco na Casa de América, Marcelo Cidade, Lucia Koch
e Cao Guimarães na Casa Encendida, e ainda José Damasceno no Reina Sofía.
Pela primeira vez, um artista
ocupou os espaços públicos do
maior museu de arte contemporânea da cidade, no total nove intervenções. "O Brasil estava melhor fora da Arco", disse o
curador Márcio Doctors.
Uma das ações com melhor
repercussão para a cena artística nacional foi o encontro de
coletivos, coordenado pelo
Centro Cultural de Espanha
em São Paulo, no Matadero
Madri. "Nós nunca tivemos um
encontro desse tipo no Brasil",
disse Carol Valansi, do coletivo
carioca Opavivará.
O encontro reuniu grupos espanhóis e brasileiros, entre eles
o Laranjas, de Porto Alegre, e
Gia, da Bahia. O Matadero é um
local de práticas experimentais, recentemente aberto, no
antigo frigorífico da cidade. As
obras que ocupam o local de
100 mil m2 estão orçadas em
110 milhões (R$ 281 milhões).
Já as polêmicas que envolveram a feira acabaram sendo positivas para a instituição. A Arco teve um valor superior em
vendas para colecionadores:
subiu 15% em relação a 2007,
apesar das cifras não serem divulgadas. O evento foi mais
contemporâneo que nas últimas edições, e o público se
manteve em 190 mil visitantes.
A nova diretora da Arco,
Lourdes Fernández, polemizou ao reduzir no evento o número de galerias espanholas,
que pediram ao governo que
não comprasse na feira. De fato, houve protestos. Instituições como o Ivam, de Valência,
comprou uma obra de cada galeria local excluída, mas centros importantes, como o museu Reina Sofía, de Madri, e o
Museu de Arte Contemporânea de Leon (Musac), gastaram
cerca de 1,5 milhão (R$ 3,8
milhões).
"Faxina"
"Era preciso limpar a casa,
havia galerias defasadas com a
produção atual e, para competir com feiras como Frieze e Basel, era preciso ter o melhor",
disse a galerista Helga de Alvear, à Folha. Uma das mais
importantes galeristas da Espanha, Alvear doou sua coleção
de 2.000 peças, entre elas
obras dos alemães Gerhard
Richter, Sigmar Polke e Anselm Kiefer, à cidade de Cáceres, que está construindo um
museu a ser inaugurado em
2010, com projeto dos mesmos
arquitetos do Musac.
Galeristas brasileiros também confirmaram bons negócios na feira. Instituições importantes como a Tate, de Londres, e o MoMA, de Nova York,
iniciaram a compra de trabalhos de brasileiros, a primeira
interessada em Marcelo Cidade, e a segunda, em Cao Guimarães. O Reina Sofía comprou
obras de Lygia Pape e o Centro
Galego de Arte Contemporânea adquiriu Waldemar Cordeiro, Jac Leirner, José Damasceno e Mauro Restiffe.
O jornalista FABIO CYPRIANO viajou a convite
da 27ª Arco, da Iberia e de Turespaña
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