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Sertanejos distribuem álbuns gratuitamente
DA REPORTAGEM LOCAL
Prática semeada pelo tecnobrega paraense e por bandas
como a cearense Aviões do Forró, a distribuição de discos vem
sendo adotada por artistas sertanejos, que chegam a dar milhares de CDs por mês.
Longe de qualquer ato filantrópico, as duplas abrem mão
da venda de álbuns para aumentar a divulgação de suas
músicas e, assim, sua receita
em shows.
"Em uma apresentação nossa no Nordeste, um pessoal distribuiu 8.000 CDs de um artista
que ia tocar no dia seguinte, para que as pessoas soubessem
cantar as músicas", conta Zezé
Di Camargo, que se apresenta
ao lado do irmão Luciano. "O
disco hoje é muito barato de se
produzir. Estúdio tem em qualquer lugar no Brasil. A música
estoura", diz.
José Antônio Éboli, presidente da Universal, afirma que
duplas chegam a distribuir de
20 mil a 30 mil discos mensais.
"Embora esse segmento seja
um sucesso absoluto em shows,
isso não se reflete no mercado
fonográfico. Se existisse essa
relação, esses artistas estariam
vendendo milhões de discos",
afirma. "Nós investimos bastante no sertanejo, mas esse é
um segmento perigoso para retorno [financeiro] porque ele se
autopirateia."
Para Zezé Di Camargo, a prática vulgarizou a venda do CD:
"É como um escritor distribuir
seu livro para todo mundo".
O cantor conta que hoje lucra
muito mais em shows do que
em venda de disco. "Antigamente, o disco era nossa principal receita", conta. "Hoje, ele é
mais usado como instrumento
de divulgação, para a música tocar no rádio. Por isso, esses artistas que estão começando fazem isso. Acho ruim, mas eles
foram levados pela situação."
(BB)
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