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JAZZ
Trombonista, inventor do "souzabone", esteve em São Paulo e registrou músicas para álbum do selo Mix House
Raul de Souza vem ao Brasil gravar CD
CARLOS BOZZO JUNIOR
especial para a Folha
Raul de Souza, 54, carioca, é
considerado pela crítica internacional um dos maiores trombonistas do jazz.
Já tocou com Sonny Rollins,
Freddie Hubbard, George Duke,
Chick Corea, Jimmy Smith e outros que fazem parte do rebanho
que reúne as vacas sagradas da arte do improviso.
Um sem-número de participações em discos, além de nove álbuns solos, fizeram desse multiinstrumentista, compositor e inventor do "souzabone" (um trombone elétrico em dó com válvula
cromática) merecedor de vários
prêmios nacionais e internacionais.
Raul, radicado na França, foi
convidado pela produtora musical
engenheira de som Cilene Peres
para vir ao Brasil e gravar um CD,
pelo selo Mix House, nos moldes
do grupo liderado por Sérgio
Mendes na década de 60, o Sérgio
Mendes Bossa Rio, do qual o
trombonista participou conquistando um disco de ouro na época.
A Folha acompanhou uma das
sessões de gravação realizada no
estúdio Mosch, em São Paulo, e
entrevistou Raul, que após a gravação retornou a Paris.
O CD, que deve se chamar "Raul
de Souza Bossa 2000", deve ser
lançado no segundo semestre desse ano.
O repertório inclui oito temas a
serem definidos, divididos entre
canções de Tom Jobim, Taiguara,
Djavan, Toninho Horta e Johnny
Alf, entre outros.
Leia a seguir, trechos da entrevista concedida por Souza.
Folha - Por que você mudou do
Brasil?
Raul de Souza - Pelo problema
de falta de cultura. O povo sofre
uma lavagem cerebral com essas
merdas de samba da bundinha,
samba de não-sei-de-quê... Aqui o
cara passa de palhaço a cantor. O
Brasil é um país, uma nação, não é
uma província. Ninguém dá valor
à música, e música é vida. Um povo sem música não vive, vegeta.
Folha - Então, por que gravar no
Brasil?
Souza - Porque fui convidado.
E a idéia do CD é muito boa. Fiquei
muito atraído pelo fato de gravar
músicas do Djavan, do Taiguara e
do Jobim, em linguagem instrumental, com músicos excelentes
como esses que participam do CD.
E, além do mais, vou tocar meu
"souzabone".
Folha - Como é a história que
aconteceu com você e o Roberto
nas filmagens de "Roberto Carlos
em Ritmo de Aventura"?
Souza - (rindo) Eu estava cansado de correr de bandidos o filme
inteiro. Aí, houve essa cena, em
que o Roberto entrava num carro
para fugir dos bandidos... Eu já tinha tomado umas cervejas, e fazia
um calor danado, pensei: "Nessa
eu não corro mais". Quando gritaram: "Ação!", em vez de sair correndo a pé, entrei com ele no carro, e disse: "Malandro, um rei jamais foge só. Pisa aí" (rindo). Acabei dando uma "canja" no carro.
Folha - O "souzabone" já te deixou rico?
Souza - Não, porque ainda não
encontrei quem o fabricasse. Este
aqui (mostrando o instrumento) é
o único no mundo, e com ele já
gravei muitos discos.
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