DANIEL CASTRO
da Reportagem Local

Em um feito inédito, o SBT e a CBS fecharam nesta semana um acordo pelo qual a rede norte-americana deve ter, já a partir de março, seis horas de programação na TV aberta aberta brasileira.
Segundo o acordo, a CBS, por meio de sua subsidiária CBS Telenotícias, deve produzir para o SBT mais um telejornal de meia hora de duração e gerar cinco horas de programação jornalística, ocupando a grade da emissora paulista da 1h às 6h, diariamente.
Desde dezembro, o SBT exibe, por volta de meia-noite e meia, o "Jornal do SBT", produzido e gerado pela CBS Telenotícias em Miami. O telejornal tem meia hora de duração.
O novo telejornal deve ir ao ar às 19h30 e pode se chamar "Jornal do SBT - 1ª Edição". O telejornal do final de noite passaria a se chamar "Jornal do SBT - 2ª Edição".
Os dois telejornais teriam o mesmo formato.Com material da CBS e do SBT, seriam ancorados, de Miami, pelo casal Leila Cordeiro e Eliakim Araújo, e, de São Paulo, pelo jornalista Hermano Henning.
Já durante a madrugada, o SBT exibiria a mesma programação, em português, gerada de Miami para o canal CBS Telenotícias, que está disponível aos assinantes da TVA desde 1º de fevereiro.
A programação se constitui de telejornal e noticiário esportivo se revezando a cada meia hora.
Na CBS Telenotícias trabalham hoje cerca de 40 jornalistas brasileiros. O diretor de jornalismo do canal é Marcos Wilson, ex-SBT.
A Folha apurou que o acordo passa a valer a partir de 2 de março, mas o SBT, que, por meio de sua assessoria de imprensa, confirma o acordo, nega a data de estréia da nova programação jornalística.
O SBT deve se pronunciar oficialmente sobre o assunto após o Carnaval.
Um dos problemas enfrentados pelo SBT para implantar a nova programação é a falta de espaço em satélites, principalmente no horário nobre. Cogita-se até que a parte do "Jornal do SBT" gerada de Miami não seja ao vivo, mas pré-gravada. Seria transmitida de Miami às 18h (horário de Brasília).
Com o novo acordo com a CBS, o SBT passará a ficar 24 horas por dia no ar e preencherá lacuna vaga desde a extinção do telejornal "TJ Brasil", em 31 de dezembro passado. Assim, a emissora praticamente terceiriza seu telejornalismo -continua produzindo, com equipes próprias, apenas os boletins "Notícias da Última Hora" e o semanal "SBT Repórter", além do novo "De Frente com Gabi", com Marília Gabriela, que estréia dia 1º de março.

Internacionalização
O acordo entre o SBT e a CBS é uma forma legal de driblar a Constituição brasileira, que impede a participação de estrangeiros em sociedades de radiodifusão (TVs abertas e rádios) e empresas jornalísticas.
Grandes grupos internacionais de entretenimento, como a Disney, a Time Warner e a própria CBS têm manifestado interesse em investir na TV brasileira.
Em entrevista à Folha, por fax, em 28 de janeiro último, o vice-presidente de marketing da Walt Disney Television, Jeffrey Whalen, disse que a multinacional quer "expandir sua presença na TV brasileira", investindo em TV aberta -o grupo já tem parceria, parecida com a da CBS, com o SBT, ao qual chama de "rede de televisão associada".
Como a legislação brasileira não cria obstáculos aos estrangeiros à produção de programação (telejornais, novelas, shows, musicais etc.), as emissoras encontraram nessa brecha uma saída legal para a reserva de mercado brasileiro.
O SBT é hoje a rede de TV aberta cujo processo de internacionalização, como são chamadas essas parcerias entre brasileiros e estrangeiros, está mais avançado.
Além da CBS e da Disney, a emissora já tem acordos com a rede argentina Telefe e com a produtora December First, dos EUA.
A Telefe produz, com exclusividade para o SBT, a versão brasileira da telenovela "Chiquititas".
A December First desenvolve e produz, nos estúdios do próprio SBT, novos programas para a emissora. O primeiro foi o talk show "Márcia", um dos maiores sucessos de audiência do SBT. Atualmente, a produtora desenvolve o "Fórum Popular", que será apresentado por Ney Gonçalves Dias e deve estrear em abril.



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