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São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2003

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POPLOAD

Duas garotas

LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Karen O e Chan Marshall. Se você quiser desviar sua atenção da dupla Bush e Saddam, a pedida é emprestar seus ouvidos ao duo de garotas pop americanas diferentes e esquisitas mencionadas acima.
A primeira é vocalista da banda Yeah Yeah Yeahs, mais uma de NY, mais uma de garagem, mais uma espetacular, que lança finalmente seu CD de estréia, "Fever to Tell". O disco deve chegar às lojas (não daqui) do meio para o fim de abril, mas já anda fazendo tanto barulho que a impressão é de que é o quinto dos YYYs.
O álbum vem para comprovar o furacão que é sua vocalista -sem mencionar o que ela faz no palco e se atendo ao disco, O é uma trombada de Courtney Love e Chryssie Hynde (Pretenders).
O CD é explosivo, tem garagem à Strokes, tem blues à White Stripes, tem minimalismo e complexidade, é quebrado como Pavement, tem clímax como Nirvana, tem baladas sensacionais.
Karen O habita o underground, por enquanto, mas não é difícil prever que a garota será uma estrela, se a coisa não desandar. Ela, além de excelente cantora e hipnótica front-leader, é um editorial de moda ambulante e a atual diva das meninas indies dos EUA e da Inglaterra. Recentemente foi capa da "NME" e lotou três noites no clube Irving Plaza (NYC), sem nem ter um disco cheio lançado.
Se Karen parece estar pirando, a gatíssima Cat Power, nossa segunda garota, é completamente pancada. Velha conhecida da comunidade indie brasileira, graças aos discos lançados pela Trama e aos shows no país em 2001, Cat Power acabou de soltar um lindo disco novo, "You Are Free", com todas as suas manias e mais uma colaboraçãozinha de notáveis como Dave Grohl (Foo Fighters) e Eddie Vedder (Pearl Jam).
Diferentemente da extrovertida Karen O, Chan Marshall é tímida e maluca e já está em seu sexto disco, o primeiro de inéditas em cinco anos. Seu som também é feito para dentro. Intimista e climática, a atmosfera criada pela gata Chan e sua guitarrinha minimalista e só é densa.
Mas, dentro dessa densidade, tristeza, intimidade e clima, a menina que se apresenta ao vivo olhando para baixo e com o rosto escondido por seus cabelos longos fez seu melhor disco -está no topo das paradas das college radios americanas.
Chan canta, compõe, toca guitarra e piano. Quer passar, com esse hippongo "You Are Free" (você é livre) -que também não tem previsão de lançamento no Brasil-, sua encanação com o tema da liberdade e da vida comunitária. Deixa ela.

lucio@uol.com.br


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