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FESTIVAL DE CURITIBA
Dedicadas à pesquisa de linguagens calcadas em temas sociais, trupes do Paraná e de SP chegam à seleção principal do evento
Independentes aportam na Mostra Oficial
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Duas jovens e independentes
companhias dedicadas à pesquisa
de linguagens com temas sociais
vão ao primeiro plano da cena nacional na Mostra Oficial do 12º
Festival de Teatro de Curitiba: a
paranaense CiaSenhas de Teatro e
a paulista Cia. do Feijão, ambas
surgidas em 1998.
A CiaSenhas ascendeu no Fringe 2002, com "Devorateme", e estréia hoje "João and Maria", uma leitura de Sueli Araujo para os
"ruídos" da mídia, TV em particular, na formação das crianças.
A Cia. do Feijão, de "O Ó da Viagem", também faz a estréia nacional de "Mire Veja", adaptação, dramaturgia e direção da dupla
Pedro Pires e Zernesto Pessoa para os contos de Luiz Ruffato em
"Eles Eram Muitos Cavalos"
(2001), retrato de um dia do cotidiano nervoso de São Paulo.
"João and Maria" apropria-se
do título da lenda sobre os filhos
de um lenhador submetidos à fome e ao cansaço pela madrasta
má. Sueli Araujo, 36, intromete ali
a partícula em inglês para provocar efeito de estranhamento.
A montagem quer criticar a espetacularização da vida, dando
sequência ao viés social de "Devorateme". "É um olhar sobre os invisíveis, aqueles que estão chegando, pelos quais temos responsabilidade", afirma a encenadora, referindo-se às crianças.
"João e Maria somos nós, que
alimentamos os filhos por meio
da televisão, o universo de alienação da babá eletrônica."
Oito atores contribuem para a
musicalidade que desponta também da sonoridade extraída do
corpo. A linguagem do teatro físico é uma das marcas da CiaSenhas. As apresentações são hoje e
amanhã na Casa Vermelha.
Depois de lançar um olhar sobre os moradores da periferia
paulistana do século 19 em "Antigo 1850", a Cia. do Feijão investiga
face mais contemporânea da cidade por meio de "Mire Veja".
"Os contos de Ruffato refletem
um cotidiano pulsante", afirma
Pedro Pires, 36. São histórias de
uma gente simples, anônima, de
origem diversa. O policial, o cobrador de ônibus, o assassino, enfim, "a linguagem telegráfica desenha o mapa da cidade", diz Pires. Uma das marcas do trabalho da Cia. do Feijão é o estudo sobre
a linguagem narrativa.
A peça participa hoje e amanhã
da Mostra Oficial, no teatro Paiol,
e tem estréia marcada para 11 de
abril em São Paulo, no Arena, cuja
ocupação a Cia. do Feijão divide
com a Cia. Ocamorana.
Outras atrações do dia na Mostra Oficial cumpriram temporadas paulistanas recentes: "A Ponte e a Água de Piscina", dirigida
por Gabriel Villela; "A Hora em
que Não Sabíamos Nada uns dos
Outros", por Marcelo Lazzaratto;
e "Memorial do Convento", por
Christiane Jatahy.
12º FESTIVAL DE TEATRO DE
CURITIBA. Quando: de 20 a 30/3.
Quanto: R$ 20 (Mostra Oficial) e R$ 10, R$
5 ou entrada franca (Fringe).
Informações pelo tel. 0/xx/41/224-6363
e em www.festivaldeteatro.com.br.
Patrocinadores: Itaú, Petrobras e
Prefeitura de Curitiba.
ilustrada online
Confira a programação completa do festival em www.folha.com.br/especial/2003/festivaldecuritiba/
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