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São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2003

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FESTIVAL DE CURITIBA

Dedicadas à pesquisa de linguagens calcadas em temas sociais, trupes do Paraná e de SP chegam à seleção principal do evento

Independentes aportam na Mostra Oficial

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Duas jovens e independentes companhias dedicadas à pesquisa de linguagens com temas sociais vão ao primeiro plano da cena nacional na Mostra Oficial do 12º Festival de Teatro de Curitiba: a paranaense CiaSenhas de Teatro e a paulista Cia. do Feijão, ambas surgidas em 1998.
A CiaSenhas ascendeu no Fringe 2002, com "Devorateme", e estréia hoje "João and Maria", uma leitura de Sueli Araujo para os "ruídos" da mídia, TV em particular, na formação das crianças.
A Cia. do Feijão, de "O Ó da Viagem", também faz a estréia nacional de "Mire Veja", adaptação, dramaturgia e direção da dupla Pedro Pires e Zernesto Pessoa para os contos de Luiz Ruffato em "Eles Eram Muitos Cavalos" (2001), retrato de um dia do cotidiano nervoso de São Paulo.
"João and Maria" apropria-se do título da lenda sobre os filhos de um lenhador submetidos à fome e ao cansaço pela madrasta má. Sueli Araujo, 36, intromete ali a partícula em inglês para provocar efeito de estranhamento.
A montagem quer criticar a espetacularização da vida, dando sequência ao viés social de "Devorateme". "É um olhar sobre os invisíveis, aqueles que estão chegando, pelos quais temos responsabilidade", afirma a encenadora, referindo-se às crianças.
"João e Maria somos nós, que alimentamos os filhos por meio da televisão, o universo de alienação da babá eletrônica."
Oito atores contribuem para a musicalidade que desponta também da sonoridade extraída do corpo. A linguagem do teatro físico é uma das marcas da CiaSenhas. As apresentações são hoje e amanhã na Casa Vermelha.
Depois de lançar um olhar sobre os moradores da periferia paulistana do século 19 em "Antigo 1850", a Cia. do Feijão investiga face mais contemporânea da cidade por meio de "Mire Veja".
"Os contos de Ruffato refletem um cotidiano pulsante", afirma Pedro Pires, 36. São histórias de uma gente simples, anônima, de origem diversa. O policial, o cobrador de ônibus, o assassino, enfim, "a linguagem telegráfica desenha o mapa da cidade", diz Pires. Uma das marcas do trabalho da Cia. do Feijão é o estudo sobre a linguagem narrativa.
A peça participa hoje e amanhã da Mostra Oficial, no teatro Paiol, e tem estréia marcada para 11 de abril em São Paulo, no Arena, cuja ocupação a Cia. do Feijão divide com a Cia. Ocamorana.
Outras atrações do dia na Mostra Oficial cumpriram temporadas paulistanas recentes: "A Ponte e a Água de Piscina", dirigida por Gabriel Villela; "A Hora em que Não Sabíamos Nada uns dos Outros", por Marcelo Lazzaratto; e "Memorial do Convento", por Christiane Jatahy.


12º FESTIVAL DE TEATRO DE CURITIBA. Quando: de 20 a 30/3. Quanto: R$ 20 (Mostra Oficial) e R$ 10, R$ 5 ou entrada franca (Fringe). Informações pelo tel. 0/xx/41/224-6363 e em www.festivaldeteatro.com.br. Patrocinadores: Itaú, Petrobras e Prefeitura de Curitiba.

ilustrada online
Confira a programação completa do festival em www.folha.com.br/especial/2003/festivaldecuritiba/


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