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Última Moda
ALCINO LEITE NETO, em Paris - ultima.moda@folha.com.br
Paris mergulha nos anos loucos
Exuberante exposição do museu Galliera reúne 170 looks do período 1919-1929, com roupas de Paul Poiret a Chanel
O início do século 20 foi turbulento e revolucionário, inclusive na moda. A primorosa
exposição "Os Anos Loucos
-1919-1929", no museu Galliera, em Paris (até 30/3), mostra
como os estilistas se esforçaram para ser também protagonistas das mudanças que ocorriam na vida cotidiana, na política, nas ciências e nas artes.
O período vai do fim da Primeira Guerra Mundial (1914-18) até o crack da Bolsa de Nova
York (1929), que levou à bancarrota boa parte do mundo.
Entre dois momentos trágicos, os "anos loucos" foram
marcados pela vontade de viver
e de divertir, a paixão pela velocidade, as vanguardas artísticas, a implantação do comunismo na Rússia e a irradiação da
cultura americana pelo mundo,
com o cinema e o jazz.
Tudo isso perpassa as 170 peças de roupas e os quase 250
acessórios e cosméticos exibidos em Paris. A montagem da
exposição é muito educativa,
recheada de roupas extraordinárias. Diante de algumas delas, o visitante chega a perder o
fôlego, tamanha a exuberância.
Estão lá várias criações de alguns dos grandes estilistas do
início do século: Paul Poiret,
Jeanne Lanvin, Madeleine
Vionnet e Chanel. Outros nomes fundamentais também foram lembrados, como o espanhol Mariano Fortuny.
Fortuny, como Poiret, foi um
dos pioneiros da idéia de que se
deveria liberar o corpo feminino das complicações da vestimenta e criar uma imagem nova da mulher: mais dinâmica,
mais aérea, mais livre.
Nos "anos loucos", o comprimento dos vestidos e das saias
diminuiu, os braços foram exibidos sem pudor e as costas receberam recortes generosos e
sensuais.
Com as danças frenéticas que
começaram a aparecer (tango,
charleston etc.), as roupas ficaram ainda mais curtas e ganharam franjas para ressaltar o rebolado das mulheres.
Em 1924, Chanel encontra a
roupa versátil para os novos
tempos: o famoso "pequeno
vestido negro". Antes reservado ao luto, o vestido negro, pelas mãos da estilista, se torna a
peça-chave da nova mulher. A
"Vogue" chamará a criação de
"o Ford de Chanel".
Chanel será também a principal difusora das roupas em
jérsei e malhas, grande novidade daquela época apaixonada
pelos esportes e que adorava
usar a lã nos maiôs de banho.
Uma das seções mais interessantes da exposição é a dedicada às "garçonnes" -essas garotas com roupas e estilo masculino, verdadeiros símbolos da
emancipação da mulher.
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