São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2008

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Última Moda

ALCINO LEITE NETO, em Paris - ultima.moda@folha.com.br

Paris mergulha nos anos loucos

Exuberante exposição do museu Galliera reúne 170 looks do período 1919-1929, com roupas de Paul Poiret a Chanel

O início do século 20 foi turbulento e revolucionário, inclusive na moda. A primorosa exposição "Os Anos Loucos -1919-1929", no museu Galliera, em Paris (até 30/3), mostra como os estilistas se esforçaram para ser também protagonistas das mudanças que ocorriam na vida cotidiana, na política, nas ciências e nas artes.
O período vai do fim da Primeira Guerra Mundial (1914-18) até o crack da Bolsa de Nova York (1929), que levou à bancarrota boa parte do mundo.
Entre dois momentos trágicos, os "anos loucos" foram marcados pela vontade de viver e de divertir, a paixão pela velocidade, as vanguardas artísticas, a implantação do comunismo na Rússia e a irradiação da cultura americana pelo mundo, com o cinema e o jazz.
Tudo isso perpassa as 170 peças de roupas e os quase 250 acessórios e cosméticos exibidos em Paris. A montagem da exposição é muito educativa, recheada de roupas extraordinárias. Diante de algumas delas, o visitante chega a perder o fôlego, tamanha a exuberância.
Estão lá várias criações de alguns dos grandes estilistas do início do século: Paul Poiret, Jeanne Lanvin, Madeleine Vionnet e Chanel. Outros nomes fundamentais também foram lembrados, como o espanhol Mariano Fortuny.
Fortuny, como Poiret, foi um dos pioneiros da idéia de que se deveria liberar o corpo feminino das complicações da vestimenta e criar uma imagem nova da mulher: mais dinâmica, mais aérea, mais livre.
Nos "anos loucos", o comprimento dos vestidos e das saias diminuiu, os braços foram exibidos sem pudor e as costas receberam recortes generosos e sensuais.
Com as danças frenéticas que começaram a aparecer (tango, charleston etc.), as roupas ficaram ainda mais curtas e ganharam franjas para ressaltar o rebolado das mulheres.
Em 1924, Chanel encontra a roupa versátil para os novos tempos: o famoso "pequeno vestido negro". Antes reservado ao luto, o vestido negro, pelas mãos da estilista, se torna a peça-chave da nova mulher. A "Vogue" chamará a criação de "o Ford de Chanel".
Chanel será também a principal difusora das roupas em jérsei e malhas, grande novidade daquela época apaixonada pelos esportes e que adorava usar a lã nos maiôs de banho.
Uma das seções mais interessantes da exposição é a dedicada às "garçonnes" -essas garotas com roupas e estilo masculino, verdadeiros símbolos da emancipação da mulher.


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