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"Mandioca News" global celebra 1.500 programas
Criado em 1979, pioneiro "Globo Rural" exibe reportagem especial sobre buriti
"A gente filma a coisa no tempo que ela precisa ter para acontecer [...] É quase uma biotelevisão", diz editor-chefe do programa
Larte
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AUDREY FURLANETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 1979, quando Humberto
Pereira, hoje com 70 anos, iniciou a implantação do "Globo
Rural", era comum ouvir nos
corredores da Globo comentários sobre o tal "Mandioca
News", apelido que o jornalístico ganhou por ter um tema, segundo o editor-chefe, considerado "menor" naquela época.
A emissora, no entanto, havia
feito uma pesquisa e descoberto que, na área rural, existiam 4
milhões de televisores -e nenhuma programação específica
para aquele público. Além disso, o presidente João Figueiredo (1979-1985) incentivava a
agricultura com o slogan "Plante que o João garante!".
Pereira, então, pôde convocar os que considerava os "jornalistas de vanguarda" da época, como Paulo Patarra, um dos
fundadores da revista "Realidade". Quase 30 anos depois e
com o mesmo editor à frente, o
ex-"Mandioca News" completa
1.500 edições amanhã, com
uma grande reportagem sobre
o buriti, que, como muitas outras do programa, levou mais
de três meses para ser finalizada, passou por Minas Gerais,
Bahia e Goiás, terá citações de
Guimarães Rosa e texto rimado
do repórter Nelson Araújo -na
equipe há quase 20 anos.
"Vereda anuncia o cerrado/
Mas nomeou um encarregado/
Pra ter propaganda de si/ É o
vistoso monumento/ Que com
respeito eu apresento/ Sua excelência, o buriti", escreveu o
repórter para a introdução da
matéria especial que será exibida amanhã.
Biotelevisão
Essa linguagem, de ritmo
"um pouco mais calmo", segundo o editor, é a tentativa de fazer uma "biotelevisão". "Tudo
de que falamos no "Globo Rural"
tem vida. É uma planta, ou uma
árvore, ou uma bactéria. O ritmo que a gente dá é o ritmo da
vida, é o ritmo biológico. Daí o
plano-sequência longo. A gente
filma a coisa no tempo que ela
precisa ter para acontecer. Não
compactamos nem esticamos o
tempo. É quase uma biotelevisão", diz Pereira.
Com uma hora de duração, o
dominical, que ganhou versão
diária (mais curta, às 6h10) no
ano 2000, mantém média de 12
pontos no Ibope. Seu horário,
8h, que pode soar um tanto ingrato para os telespectadores
"urbanos", é considerado uma
de suas virtudes. "É um horário
para quem quer escolher o que
ver na televisão. O horário noturno, oito da noite, é hora de
ver televisão, ou seja, todo
mundo liga. No nosso caso, não.
É para quem quer, procura,
precisa do programa", diz.
GLOBO RURAL
PROGRAMA 1.500
Quando: amanhã, às 8h
Onde: na Globo
Classificação: livre
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