São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2000


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Mostra do Redescobrimento, Caetano Veloso e Dulce Pontes, carta de Pero Vaz e a dúvida: comemorar o quê?
A cultura dos 500

Daniel Guimarães/Folha Imagem
Preparativos da Mostra do Redescobrimento, no Parque do Ibirapuera


CYNARA MENEZES
especial para a Folha

Enfim, é amanhã. Há 500 anos, uma esquadra de caravelas liderada por Pedro Álvares Cabral tomava, em nome do rei de Portugal, d. Manuel, posse deste território e revelava sua existência ao mundo.
Hoje, em Porto Seguro, índios protestam por terem sido os que tiveram as maiores perdas com a colonização e com o que se seguiu a ela. No resto do Brasil, uma festa tímida, envergonhada, lembra o Descobrimento. Só há duas escolhas: ou assumir que não há o que comemorar e simplesmente ignorar a efeméride ou aproveitar para conhecer um pouco da história brasileira em alguns dos bons eventos que estão programados -longe de Porto Seguro.
Quem for partidário da segunda opção que siga esta carta de marear pelo que acontece na parte festiva do Descobrimento.
Brasil e Portugal se encontram pela música amanhã no parque Ibirapuera, em São Paulo, com o concerto ao ar livre de Caetano Veloso e Dulce Pontes. E nem é preciso dar colares de contas em troca: é grátis. Outro encontro musical acontece durante a Bienal do Livro, na capital paulista, com a apresentação dos portugueses Maria João e Mário Laginha, apresentando seu novo disco, "Chorinho Feliz", com ritmos brasileiros, no dia 6 de maio.
O parque Ibirapuera também sedia, a partir de terça-feira, a Mostra do Redescobrimento, que promete ser a mais interessante exposição já feita pelo Brasil sobre o próprio umbigo -afinal, é esse o momento. Aliás, a certidão de nascimento estará lá: a famosa carta de Pero Vaz de Caminha, muito citada e pouco lida, é uma das jóias da exposição.
Outras delícias são as exposições "Os Biombos dos Portugueses", no Museu de Arte da Bahia, a partir de amanhã em Salvador, e "O Azulejo em Portugal no Século 20", no Museu Histórico Nacional, no Rio.
Uma das poucas boas iniciativas oficiais, as cinco sinfonias elaboradas por compositores brasileiros para os 500 anos têm audição prevista em Porto Seguro amanhã. Os concertos serão apresentados durante o ano também em outras cidades, começando por São Paulo, Santos e Campinas.
A mais brasileira das óperas, "O Guarani", de Carlos Gomes, é apresentada para o público de Manaus, no Bumbódromo, entre segunda e quarta-feira.
Os outros eventos oficiais são as inaugurações em Porto Seguro: Museu Aberto do Descobrimento, Museu Indígena, uma nova cruz no lugar em que houve a Primeira Missa e até instalações voltadas para o turismo. A regata dos 500 anos, que chega ao Brasil, como Cabral, por lá, tem embarcações curiosas, como a Barconauta, uma réplica de navio negreiro que estará aberta à visitação também no Rio, na semana seguinte.
O evento mais deslocado na história parece ser o desfile temático Aqui Nasceu o Brasil, que acontece em Salvador, no domingo, com personagens a caráter que em tudo lembram as antigas paradas de Sete de Setembro durante o regime militar: Tiradentes, Cabral, índios... Acabará em Carnaval?


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