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MERCADO EDITORIAL
Gaúcha L&PM ultrapassa 3 milhões de pockets vendidos
Editoras empurram livros para o bolso do brasileiro
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Tem boas novas no bolso dos
brasileiros -e nada que ver com
o "espetáculo do crescimento". A
Bienal de São Paulo está testemunhando a sobrevida de um segmento editorial que historicamente não "pegou" no país, o
"pocket book". O livro de bolso
chega à 18ª edição do maior evento editorial do país com mais força do que nas 17 feiras anteriores.
A editora gaúcha L&PM está
comemorando seus 30 anos de
atividade com duas marcas históricas para o formato pocket: mais
de 3 milhões de exemplares vendidos e 365 títulos no catálogo
("um por dia do ano", brinca seu
editor, Ivan Pinheiro Machado).
Os mais recentes estão exibidos
com pompa e circunstância no estande de outra editora: a Nova
Fronteira. São quatro títulos de
um dos papas do suspense inteligente, o belga Georges Simenon
(1903-1989), que marcam a primeira parceria da empresa gaúcha com outra casa editorial.
A dobradinha L&PM e Nova
Fronteira deve seguir em pelo menos 60 títulos de bolso, todos de
Simenon e seu detetive Maigret.
"Não consigo acreditar que o livro de bolso não possa funcionar
no Brasil", exprime Carlos Augusto Lacerda, editor da Nova
Fronteira, que faz sua primeira
empreitada no "bolso".
Historicamente não funcionou:
desde os anos 30, quando a Globo
lançou a "Coleção Globo", até a
criação da Edibolso, em 1971, em
consórcio liderado pela editora
Abril, passando pelas séries Sagarana (José Olympio) e Saraiva, os
livros baratos, menores, de ampla
tiragem não decolaram.
Criada em 97, a série da L&PM
vem se consolidando a partir do
combate do nó central desse segmento, a distribuição. "A logística
criada por eles é invejável", palpita Lacerda. "O sistema de displays
garante espaço nas livrarias."
Pinheiro Machado diz que são
1.500 os displays dos pockets da
L&PM espalhados pelo Brasil,
"do Belém à avenida Paulista".
Expostos neles estão títulos de
todos os tipos, mas a maior parte
deles de chamado "domínio público" (obras para as quais não se
recolhe direitos autorais). São
desse perfil os campeões de venda
da coleção (cujos livros custam de
R$ 5 a R$ 28), como "O Príncipe",
de Maquiavel, "A Arte da Guerra", de Sun Tzu.
Apesar de ter como miolo de
seu catálogo de pockets livros desse tipo (incluindo esses mesmos
títulos), a segunda maior coleção
de livros de bolso, a Leitura, da
Paz & Terra, com 52 títulos, tem
como best-seller uma obra que
paga direitos autorais, "Pedagogia da Autonomia", de Paulo Freire, que já vendeu 500 mil exemplares. É de títulos exclusivos
também a nova série "Aplauso",
da Imprensa Oficial.
Para esse tipo de livros, lançamentos exclusivos e com direitos
autorais, que se expande também
a coleção da L&PM. Ela está relançando "On the Road", de Jack
Kerouac, e prepara lançamento,
em pocket, de todos os inéditos
em português desse escritor beat.
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