São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 2011 |
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CRÍTICA AÇÃO "Bróder" permite entender caos visual de bairros pobres Filme possibilita ao espectador compreender a cultura que se desenvolve, contra todas expectativas, no gueto
INÁCIO ARAUJO CRÍTICO DA FOLHA O caminho mais fácil para apreciar "Bróder" começa por deixar de lado a intriga. Todo o fabulário em torno da "vida bandida" no Capão Redondo responde a apelos meramente comerciais: trata-se de usar uma história com bastante ação para, supostamente, prender o interesse do espectador. A história (que envolve, entre outras, o possível sequestro de um jogador de futebol famoso) é, no mais, fraca. Aquilo que parece de fato apaixonar o diretor estreante Jeferson De são os personagens e as situações cotidianas em que estão envolvidos. O filme se passa no dia do aniversário de Macu (Caio Blat), que recebe os amigos Jaiminho (Jonathan Haagensen) e Pibe (Silvio Guindane). Dos três, Macu ainda é o único que vive no Capão. Jaiminho é um futebolista importante. Pibe mora no Centro com a garota que engravidou e cujo filho assumiu. São trajetos diferentes e pode-se dizer que Macu é o mais vulnerável. Mas não é bem isso que nos prende ao filme, e sim coisas como Jaiminho percorrer as ruelas do "gueto" com seu carrão, a fim de experimentar a feijoada da mãe de Macu. São detalhes que permitem ao espectador entender um pouco o caos visual dos bairros pobres, distantes e abandonados demais de uma grande cidade. Mas, também, permitem entender a produção de cultura que ali se desenvolve, contra todas as expectativas. ASPECTO COMERCIAL Se o fabulário é mais fraco, no entanto acaba não tendo consequências graves para o filme, já que suas decorrências são interessantes. De um aspecto dramaticamente convencional (marginais buscam envolver Macu num crime) surge uma tensão repentina e de repente dois amigos começam a rolar no chão e se esmurrar. Tudo parece muito nervoso no "gueto". Mas desse nervoso pula-se a uma explosão de felicidade, quando, por exemplo, os amigos passeiam no carrão de Jaiminho. Os sentimentos são paradoxais, movidos pelo coração. Esse tipo de notação, "Bróder" consegue captar com desenvoltura em toda sua variedade: a religião, as dores e amores, o futebol, o crime, a dignidade -aspectos que nos bairros ricos permanecem fechados na intimidade familiar, aqui se espalham e se deixam compartilhar. É dessa partilha e dessa percepção profunda de aspectos epidérmicos da vida no bairro que vem o encanto do filme. Seu aspecto comercial é apenas isso: comércio. BRÓDER DIREÇÃO Jeferson De PRODUÇÃO Brasil, 2010 COM Caio Blat, Jonathan Haagensen e Silvio Guidane ONDE nos cines Livraria Cultura, Metrô Santa Cruz Cinemark, Reserva Cultural e circuito CLASSIFICAÇÃO 14 anos AVALIAÇÃO bom Texto Anterior: Passos de tartaruga Próximo Texto: "Ficar mais jovem é bem esquisito", diz Paul Giamatti Índice | Comunicar Erros |
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