São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 2011

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NINA HORTA

Altar na moda


O casamento inteiro tem que ser levado, do padrinho ao arroz, da avó ao cotonete. Tudo!


O MAIS importante para estabelecer como será um jantar, almoço ou coquetel de casamento é a definição do lugar. A comida a ser feita vai depender dele, das possíveis instalações. É um sonho recorrente das noivas ter um casamento simples, no sítio em que passaram suas férias, sob a jabuticabeira coberta de frutinhas pretas e a vaca mugindo lá longe, o riacho transparente sussurrando. Pois é.
É bom lembrar que o casamento inteiro tem que ser levado para lá, do padrinho ao arroz, da avó ao cotonete. Tudo! São 200 pessoas? Só de pratos, quase mil. Não resta dúvida de que é bonito e simpático casar no litoral e no campo, mas é de bom alvitre não nos esquecermos do trabalho e da logística de guerra para que tudo saia nos conformes.
Outro sonho é o do casamento ao ar livre e ao pôr do sol. À medida que a cerimônia se desenvolve, o sol vai se pondo e a cerimônia acaba no breu. (Ou numa tempestade de granizo, que ninguém doma esta natureza malvada.) Tudo bem, a luz do pôr do sol é linda mesmo, mas há que cuidar muito da iluminação do lugar, pois ninguém gosta de viajar horas para jantar numa tenda iluminada no umbigo do mundo, que tanto pode ser Jaú como a praça da Sé.
Parece que tudo se resolve com um pouco de reflexão. É pensar no que está na moda. Por que está na moda? Eu quero fazer parte dessa moda ou estou entrando na onda sem saber de onde veio a novidade?
Teve um tempo, em São Paulo, em que emplacou o estilo de coquetel peripatético. Havia uma peça em cartaz, se não me engano "Tamara de Lempicka", na qual os espectadores seguiam os artistas por salas variadas, subindo e descendo escadas. Pois não é que começaram a pedir o coquetel Tamara de Lempicka? Garçons com suas bandejas, tinas de gelo, salgadinhos, tontos a correr por corredores labirínticos de alguma casa antiga?
E quando nada de nada poderia ser num espaço tradicional? Todas as alturas, todos os túneis, todas as frinchas eram passíveis de abrigar uma festa. Lugares espetaculares como o Mercadão que deveria ser transformado no Teatro Municipal, ou o Teatro Municipal que deveria se transformado em Mercadão com Eliza Doolitle ou o pai saltitando pelas alamedas de alfaces e couves?
Ou os celeiros do Ceasa, impossível acreditar, eram esvaziados para uma festa de arromba? Foi um tempo trabalhoso. E muito intrigante. Por que a festa do Municipal não era feita no teatro, e sim no mercado? Por que a do mercado era feita no municipal e assim por diante? Menos, menos...
Isso posto, suponhamos que os noivos já escolheram a própria casa ou um espaço usado para casamentos. É bom pesquisar bem a parte da cozinha. Festas em museus, em teatros ou em estações de trens correm o risco de abrigar centenas de pessoas com copas para 50.
Alguns lugares parecem ter boas áreas de serviço, mas já são aparelhadas, o que só atrapalha, pois festas de cem, 2.000 pessoas, precisam é de espaços onde serão colocados fogões poderosos, geladeiras horizontais com muito gelo, pranchões para abrir os serviços, a preparação dos pratos individuais, etc e tal.
E água, muita água, que as águas vão rolar...

ninahorta@uol.com.br


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