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NET CETERA
A santíssima trindade do novo cartunismo
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Se o seu inglês dá para o gasto,
vale a pena descobrir o que de
melhor e mais incômodo está
sendo feito na área de cartunismo
político e social nos Estados Unidos. Ted Rall, David Rees e Aaron
McGruder compõem a (nada)
santíssima trindade da arte.
Não por acaso, os três já sofreram alguma forma de censura
desde 11 de setembro por seu humor cáustico, que não poupa ninguém e vai na contramão da onda
de patriotismo e de politicamente
correto que domina a grande imprensa do país desde o ataque.
Não por acaso também, foram e
são ameaçados constantemente.
A principal coerção vem na forma dos chamados "hate-mails",
que também não poupam ninguém (Rall me disse na semana
passada que recebe pelo menos
dez e-mails por semana falando
sobre sua mulher e sua filhinha).
Esta e também a correspondência
de apoio inundam a caixa postal
dos sites -sim, todos têm sites
bem-feitos e, claro, bem desenhados, que valem uma visita.
David Rees começou o seu como um blog, cujo link foi passando de amigo para amigo até virar
um pequeno fenômeno e um livro. São tiras diárias feitas sem
muito acabamento (o mesmo desenho é repetido várias vezes),
com diálogos telefônicos que ele
teve ou que amigos lhe contaram.
Ali, ele escreve o indizível, o que
muita gente está pensando, mas
não fala por pudor ou medo.
Num deles, um amigo pergunta
se o outro viraria um homem-bomba se Osama bin Laden estivesse do lado. A resposta: "Não, o
ponto de matar Osama é fazer
com que eu possa viver mais".
Já Aaron McGruder criou The
Boondocks, em que um menininho negro desbocado vive deixando os pais sem ação e sem resposta. Ficou famoso o que Huey
(é o nome do garoto) reza antes
do jantar e mostra as surpreendentes semelhanças na biografia
do terrorista saudita e do presidente norte-americano.
Foi recusado por grande parte
dos mais de cem jornais que publicam a tira diariamente e deu fama nacional ao autor e a sua obra.
Por fim vem Ted Rall, que já foi
notícia na Folha em duas ocasiões, a primeira por satirizar o
que ele chamou de "viúvas do terror", desenho censurado pelo site
do "New York Times", e a segunda por citar o candidato petista
Luiz Inácio Lula da Silva.
É o traço mais elaborado dos
três e o mais engraçado. Em suas
mãos George W. Bush vira "El Generalíssimo El Busho".
David Rees: www.mnftiu.cc
Ted Rall: www.rall.com
The Boondocks: www.ucomics.com/boondocks
E-mail: sergiodavila@uol.com.br
Site: www.uol.com.br/sergiodavila
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