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OUTRA FREQUÊNCIA
"Reality propaganda" é a nova onda do rádio
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois do "reality show" na
TV, agora a onda é "reality
propaganda" no rádio. Uma pesquisa na Inglaterra mostrou que
os anúncios que simulam situações reais, com vozes anônimas,
são mais eficientes do que os convencionais, com locutores ou "celebridades" vendendo produtos.
Segundo o estudo (da empresa
Eardrum, publicado pelo jornal
"The Guardian"), os ouvintes dão
menos atenção a comerciais tradicionais e mais àqueles com diálogos "reais". Um dos melhores resultados apontados pela análise
foi obtido por um que transmite o
testemunho real de um preso,
gravado em sua cela.
Assim, no lugar dos estúdios silenciosos, com acústica perfeita,
entram o fundo barulhento, o
trânsito, os sons da vida "real".
Outra conclusão do levantamento: os ouvintes demonstraram rejeição a propagandas não adaptadas à linha de programação da estação. Se anúncio e emissora não
tiverem públicos-alvo e linguagens semelhantes, o anunciante
estará jogando seu dinheiro fora.
Assim como aconteceu com o
fenômeno "reality shows", essa
moda já assusta profissionais que
faturam colocando sua voz em
mensagens publicitárias radiofônicas. Anônimos cobram menos.
E, pelo menos por enquanto, ainda não criaram um sindicato.
No Brasil, a "reality propaganda" chega aos poucos e pode alterar o marasmo dos corriqueiros "testemunhais" de locutores ("eu
uso xampu tal", "esse hidratante é
perfeito para a minha pele").
Uma grande rede de eletrodomésticos já testou algo nesse sentido, "entrevistando" anônimos
sobre os preços das mercadorias,
e teria aprovado o resultado.
Críticos da idéia questionam a
possibilidade de a publicidade ser
confundida pelo ouvinte com reportagem. Ou seja, a "realidade"
criada pode se passar por "real"...
Desde anteontem, a Câmara
Municipal de SP está realizando a
Semana das Rádios Comunitárias, que vai até sábado. Será discutida a proposta de deixar a liberação desse tipo de emissora para
as prefeituras. Hoje, quem decide
é o Ministério das Comunicações,
com revisão do Congresso.
A Abert (associação de emissoras de rádio e TV) enviou carta ao
ministro Luiz Gushiken (Secom),
na quinta passada, pedindo que
ele contemple pequenas emissoras na distribuição que fará da
verba publicitária do Planalto e
das estatais. Foi uma resposta à
declaração de Marcus Flora (adjunto de Gushiken), publicada
neste espaço na semana passada,
sobre a dificuldade de incluir estações menores na divisão do bolo.
laura@folhasp.com.br
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