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São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2003

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OUTRA FREQUÊNCIA

"Reality propaganda" é a nova onda do rádio

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois do "reality show" na TV, agora a onda é "reality propaganda" no rádio. Uma pesquisa na Inglaterra mostrou que os anúncios que simulam situações reais, com vozes anônimas, são mais eficientes do que os convencionais, com locutores ou "celebridades" vendendo produtos.
Segundo o estudo (da empresa Eardrum, publicado pelo jornal "The Guardian"), os ouvintes dão menos atenção a comerciais tradicionais e mais àqueles com diálogos "reais". Um dos melhores resultados apontados pela análise foi obtido por um que transmite o testemunho real de um preso, gravado em sua cela.
Assim, no lugar dos estúdios silenciosos, com acústica perfeita, entram o fundo barulhento, o trânsito, os sons da vida "real". Outra conclusão do levantamento: os ouvintes demonstraram rejeição a propagandas não adaptadas à linha de programação da estação. Se anúncio e emissora não tiverem públicos-alvo e linguagens semelhantes, o anunciante estará jogando seu dinheiro fora.
Assim como aconteceu com o fenômeno "reality shows", essa moda já assusta profissionais que faturam colocando sua voz em mensagens publicitárias radiofônicas. Anônimos cobram menos. E, pelo menos por enquanto, ainda não criaram um sindicato.
 
No Brasil, a "reality propaganda" chega aos poucos e pode alterar o marasmo dos corriqueiros "testemunhais" de locutores ("eu uso xampu tal", "esse hidratante é perfeito para a minha pele").
Uma grande rede de eletrodomésticos já testou algo nesse sentido, "entrevistando" anônimos sobre os preços das mercadorias, e teria aprovado o resultado.
Críticos da idéia questionam a possibilidade de a publicidade ser confundida pelo ouvinte com reportagem. Ou seja, a "realidade" criada pode se passar por "real"...
 
Desde anteontem, a Câmara Municipal de SP está realizando a Semana das Rádios Comunitárias, que vai até sábado. Será discutida a proposta de deixar a liberação desse tipo de emissora para as prefeituras. Hoje, quem decide é o Ministério das Comunicações, com revisão do Congresso.
 
A Abert (associação de emissoras de rádio e TV) enviou carta ao ministro Luiz Gushiken (Secom), na quinta passada, pedindo que ele contemple pequenas emissoras na distribuição que fará da verba publicitária do Planalto e das estatais. Foi uma resposta à declaração de Marcus Flora (adjunto de Gushiken), publicada neste espaço na semana passada, sobre a dificuldade de incluir estações menores na divisão do bolo.

laura@folhasp.com.br


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