|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Diva do electro, Miss Kittin volta com rock e funk
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
Visita tumultuada e polêmica, a
turnê de Miss Kittin ao Brasil no
ano passado rendeu. Muito do
que foi assunto na época está no
primeiro disco solo da DJ/produtora/cantora francesa, "I Com",
que chega em CD no exterior no
próximo dia 25.
Caroline Hervé -o nome da
moça-, ficou bem conhecida em
todo o mundo pelas mãos do produtor norte-americano Felix da
Housecat, que a colocou para cantar na música "Silver Screen (Shower Scene)", em 2000, o hit que
deu o empurrão mais forte para
que a nova onda de electro tomasse conta das pistas do planeta.
Kittin lançou "First Album", em
parceria com o produtor francês
The Hacker, que trazia, entre outras, "Frank Sinatra", "1982" e
"Life on MTV", canções que exaltavam um mundo lubrificado por
champanhe, glitter, excessos.
Em "I Com", Miss Kittin se faz
de vítima desse mundo, e ela sentiu isso na pele quando veio a São
Paulo, Camboriú e Rio em dezembro de 2002/janeiro de 2003.
Kittin postou no diário de seu site
(www.misskittin.com) que em
sua visita ao país havia bebido
"champanhe estranha" (era Prosecco), que havia tocado num
"clube feio e cafona" (o Ibiza, de
Camboriú). Comentou também
sobre a "miséria nas ruas" e os
"congestionamentos". Foi o suficiente para que entrassem no fórum de seu site bombardeando
Kittin com xingamentos. A DJ fechou o fórum após o episódio.
"Houve alguns mal-entendidos
e exageros. A Miss Kittin tem personalidade forte, mas é muito
simpática e adorou o Brasil. Se
não tivesse gostado, não iria querer voltar", disse Fernando Moreno, sócio da agência Smartbiz,
responsável pela vinda da DJ/produtora/cantora no ano passado e
que reservou algumas datas em
novembro para seu retorno.
Em suas semanas no Brasil, Kittin freqüentou alguns clubes GLS
em São Paulo (Ultralounge e Massivo), foi a shoppings e alugou
uma casa em Búzios com o amigo
e também DJ, o alemão Hell.
Miss Kittin foi tratada exageradamente como estrela e popstar
no Brasil. Disse que ficou incomodada com as câmeras que a "vigiavam" em seu set no Lov.e, em
São Paulo, e se sentiu desconfortável com o assédio nas ruas.
Coincidência ou não, é sobre isso que fala a primeira música que
abre "I Com": "Professional Distortion". "Eu tenho que sorrir, eu
tenho que aparecer, eu tenho que
ser legal o tempo inteiro", canta
Miss Kittin, nos primeiros versos
da primeira canção do disco.
"Professional Distortion", mesmo com as lamúrias de Kittin
("tenho que cantar, que tocar a
noite inteira, tenho que estar em
todos os lugares..."), é um rock vibrante que inicia bem o CD.
"Requiem for a Hit", a segunda,
diminui ainda mais o espaço que
separa o electro do funk carioca.
"Show me your tits and let's make
a hit" (mostre-me seus peitos e
vamos fazer um hit), canta LA
Williams, conhecido produtor de
Chicago, no começo.
Depois, sob batidas pesadas, entra Kittin. A frase "I'll beat that
bitch with a hit" (eu vou bater naquela vaca com um bastão) é repetida à exaustão, até que, como
um interlúdio, Kittin faz um
break e o funkão torna-se uma
linda canção romântica. Depois
volta tudo "ao normal". É a melhor coisa que Miss Kittin já fez.
"I Com" (importado; pode ser
encomendado no www.amazon.com ou www.velvetcds.com.br) ainda traz a divertida new wave
"Meet Sue Be She" ("Mitsubishi,
Suzuki", grita ela) e a contagiante
"Soundtrack of Now". Mais lento
do que era de se esperar, o disco
chega a se tornar cansativo em alguns momentos.
Texto Anterior: Eletrônica: Vitalic "antecipa" CD em duas festas Próximo Texto: Audiovisual: Faltam fatias no "Mercado do Cinema" Índice
|