São Paulo, sexta-feira, 21 de maio de 2004

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Diva do electro, Miss Kittin volta com rock e funk

THIAGO NEY
DA REDAÇÃO

Visita tumultuada e polêmica, a turnê de Miss Kittin ao Brasil no ano passado rendeu. Muito do que foi assunto na época está no primeiro disco solo da DJ/produtora/cantora francesa, "I Com", que chega em CD no exterior no próximo dia 25.
Caroline Hervé -o nome da moça-, ficou bem conhecida em todo o mundo pelas mãos do produtor norte-americano Felix da Housecat, que a colocou para cantar na música "Silver Screen (Shower Scene)", em 2000, o hit que deu o empurrão mais forte para que a nova onda de electro tomasse conta das pistas do planeta.
Kittin lançou "First Album", em parceria com o produtor francês The Hacker, que trazia, entre outras, "Frank Sinatra", "1982" e "Life on MTV", canções que exaltavam um mundo lubrificado por champanhe, glitter, excessos.
Em "I Com", Miss Kittin se faz de vítima desse mundo, e ela sentiu isso na pele quando veio a São Paulo, Camboriú e Rio em dezembro de 2002/janeiro de 2003. Kittin postou no diário de seu site (www.misskittin.com) que em sua visita ao país havia bebido "champanhe estranha" (era Prosecco), que havia tocado num "clube feio e cafona" (o Ibiza, de Camboriú). Comentou também sobre a "miséria nas ruas" e os "congestionamentos". Foi o suficiente para que entrassem no fórum de seu site bombardeando Kittin com xingamentos. A DJ fechou o fórum após o episódio.
"Houve alguns mal-entendidos e exageros. A Miss Kittin tem personalidade forte, mas é muito simpática e adorou o Brasil. Se não tivesse gostado, não iria querer voltar", disse Fernando Moreno, sócio da agência Smartbiz, responsável pela vinda da DJ/produtora/cantora no ano passado e que reservou algumas datas em novembro para seu retorno.
Em suas semanas no Brasil, Kittin freqüentou alguns clubes GLS em São Paulo (Ultralounge e Massivo), foi a shoppings e alugou uma casa em Búzios com o amigo e também DJ, o alemão Hell.
Miss Kittin foi tratada exageradamente como estrela e popstar no Brasil. Disse que ficou incomodada com as câmeras que a "vigiavam" em seu set no Lov.e, em São Paulo, e se sentiu desconfortável com o assédio nas ruas.
Coincidência ou não, é sobre isso que fala a primeira música que abre "I Com": "Professional Distortion". "Eu tenho que sorrir, eu tenho que aparecer, eu tenho que ser legal o tempo inteiro", canta Miss Kittin, nos primeiros versos da primeira canção do disco.
"Professional Distortion", mesmo com as lamúrias de Kittin ("tenho que cantar, que tocar a noite inteira, tenho que estar em todos os lugares..."), é um rock vibrante que inicia bem o CD.
"Requiem for a Hit", a segunda, diminui ainda mais o espaço que separa o electro do funk carioca. "Show me your tits and let's make a hit" (mostre-me seus peitos e vamos fazer um hit), canta LA Williams, conhecido produtor de Chicago, no começo.
Depois, sob batidas pesadas, entra Kittin. A frase "I'll beat that bitch with a hit" (eu vou bater naquela vaca com um bastão) é repetida à exaustão, até que, como um interlúdio, Kittin faz um break e o funkão torna-se uma linda canção romântica. Depois volta tudo "ao normal". É a melhor coisa que Miss Kittin já fez.
"I Com" (importado; pode ser encomendado no www.amazon.com ou www.velvetcds.com.br) ainda traz a divertida new wave "Meet Sue Be She" ("Mitsubishi, Suzuki", grita ela) e a contagiante "Soundtrack of Now". Mais lento do que era de se esperar, o disco chega a se tornar cansativo em alguns momentos.


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