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Tom Ford defende Obama e união civil gay
Estilista que salvou a Gucci veio a São Paulo para inaugurar loja própria na Daslu
Espaço, que venderá peças da linha masculina assinada por Ford, é a primeira loja do designer ex-Yves Saint-Laurent na América Latina
VIVIAN WHITEMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Tom Ford é um homem admirado e invejado no mundo da
moda. Salvou a maison Gucci
da falência, colocando-a no topo do mercado fashion, e foi diretor de criação da Yves Saint-Laurent. Em 2004, no auge de
sua fama, jogou tudo para o alto
após desentendimentos com o
poderoso conglomerado Pinault-Printemps-Redoute, que
havia comprado o grupo Gucci.
Quando muitos declaravam
sua aposentadoria precoce,
Ford reapareceu em 2005 e
criou uma marca com seu nome. Com várias parcerias na
manga, lançou linhas de óculos,
produtos de beleza e, em 2006,
em acordo com o grupo Ermenegildo Zegna, anunciou a chegada da Tom Ford Menswear,
que vende roupas masculinas
altamente sofisticadas.
Anteontem, Ford esteve em
São Paulo para inaugurar uma
filial de sua grife masculina na
Daslu (a flagship, luxuosíssima,
fica em Nova York), a primeira
na América Latina.
Bonitão, bem-humorado e
charmoso, Ford não aparenta
seus 46 anos e arrasta olhares
femininos e masculinos por onde passa. Mas avisa logo: é muito bem casado, há 22 anos, com
o jornalista Richard Buckley.
O estilista deu entrevista à
Folha numa das suítes do hotel
Fasano, onde ficou hospedado
em São Paulo, e falou de moda,
união civil gay e política. Texano como o presidente George
W. Bush, ele não quer saber dos
republicanos e pretende votar
em Barack Obama.
FOLHA - Por causa de seu tipo físico
e também de suas criações e campanhas ousadas, você ficou com a fama de ser um homem muito sexy...
FORD - Acho isso divertido,
embora não me sinta um cara
especialmente sexy. Eu sou
muito tranqüilo, engraçado,
gosto de dizer bobagens, de relaxar com os meus amigos. Mas
percebo que as pessoas que não
me conhecem esperam que eu
seja um cara esnobe e sexualmente agressivo, com uma atitude muito atirada. Bem, sinto
frustrar essa fantasia, mas ela
não corresponde à realidade.
FOLHA - Sua vida é mais sossegada
do que seus fãs imaginam, então?
FORD - Não diria sossegada,
porque trabalho muito, viajo
demais e tenho muitos amigos
famosos, que dão festas e me
convidam para eventos badalados. Mas não tenho uma vida
maluca com segredos impublicáveis. Sou bastante comum, na
verdade. A maioria das celebridades têm vidas e rotinas muito
menos interessantes do que se
pensa. Sabe, até a rainha Elizabeth deve cantar pelada no
chuveiro, é o tipo de coisa banal
que todo mundo faz...
FOLHA - Você está numa relação
homossexual estável. O que pensa
da legalização do casamento gay?
FORD - Quando me falam em
casamento gay, eu sempre digo,
vamos esquecer a palavra casamento. Dá a impressão errada,
é uma palavra que sugere igreja, religião, e isso é um outro assunto. O que defendo é a união
civil entre pessoas do mesmo
sexo, a garantia de que casais
gays possam dividir o patrimônio que construíram juntos, como qualquer outro casal. Infelizmente, os EUA estão bem
atrasados nessa discussão.
FOLHA - Em quem pretende votar
na próxima eleição presidencial?
FORD - Meu voto será certamente do Partido Democrata,
mas temo que, com tanta divisão interna, John McCain acabe vencendo. Eu comecei no time da Hillary [Clinton], mas
Barack Obama me parece o homem certo para os americanos
neste momento. Os EUA estão
perdendo o seu lugar de potência econômica, e não vão recuperá-lo. Ninguém quer mais
guerras, esse tipo de solução
militarizada não nos levará a
nada. China, Rússia, Brasil, essas serão as potências econômicas futuras. Porém, os Estados Unidos podem ser a nova
potência moral do mundo, um
país com um governo disposto
a trabalhar com as outras nações e a difundir valores de cooperação, de crescimento humano. Precisamos recuperar a essência dos EUA, que é muito
bonita: um país que acolhe estrangeiros e dá chances a homens e mulheres com espírito
empreendedor. Eleger Obama
passaria uma mensagem positiva e nova para o mundo.
FOLHA - Então você considera o
Brasil como um mercado promissor?
FORD - Sim, e não só para a
moda. O Brasil vive uma onda
de crescimento que ao que tudo
indica não vai acabar tão cedo.
Com os avanços na economia e
as novas reservas de petróleo
descobertas recentemente, as
expectativas são ótimas.
FOLHA - Por que você escolheu a
Daslu para instalar a sua loja?
FORD - É uma loja com público
selecionado, que gosta de coisas exclusivas. Esse é o espírito
da minha grife: roupas de altíssima qualidade, de corte impecável, para homens que viajam
o mundo e prezam a elegância.
Mas o principal atrativo da loja
é o tipo de serviço que é oferecido. Os clientes são muito mimados e há dezenas de serviços
à sua disposição. Poucas lojas
no mundo têm esse tipo de
atendimento. É o topo do VIP.
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