São Paulo, sexta-feira, 21 de maio de 2010

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Ladrão leva US$ 100 milhões em quadros

Museu de Arte Moderna de Paris teve roubo de obras-primas de Picasso, Matisse, Léger, Braque e Modigliani

Imagens de segurança registraram criminoso sair com telas por avenida movimentada; sistema de segurança estava quebrado


CHICO FELITTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

Cinco telas de pintores renomados do século 20 foram furtadas do Museu de Arte Moderna de Paris na madrugada de quarta para quinta.
Os quadros desaparecidos são de Pablo Picasso, Fernand Léger, Henri Matisse, Georges Braque e Amedeo Modigliani.
O valor das obras vai de 100 milhões (R$ 243 milhões), segundo o museu, a 500 milhões (R$ 1,113 bilhão), para o Ministério Público francês.
O roubo foi praticado por uma só pessoa, mascarada, que quebrou uma janela do museu, se esgueirou por uma treliça de metal sem disparar o alarme nem ser percebida pelos três seguranças da instituição, e fugiu por uma das avenidas mais movimentadas da cidade, diz a polícia, a partir de imagens do sistema interno de vídeo.
O museu fechou ontem e não divulgou, até o fechamento desta edição, se reabrirá seu acervo de 9.000 obras para visitação, gratuita, hoje.
A prefeitura de Paris divulgou comunicado admitindo uma "disfunção parcial" do alarme do Museu de Arte Moderna de Paris, que foi descoberta no dia 30 de março. As peças para consertar o sistema de segurança ainda não haviam chegado da fábrica, segundo o governo municipal.
O prefeito parisiense, Bertrand Delanoë, pediu a abertura de um inquérito judicial para descobrir o(s) autor(es) do crime e uma investigação administrativa para apurar se houve envolvimento interno na premeditação do roubo.
De 2004 a 2006, o museu permaneceu fechado para reformas e adaptações de segurança contra roubos e incêndios que custaram 15 milhões (R$ 50 milhões) ao Estado francês. O investimento declarado é metade do valor estimado da tela de Picasso subtraída. Não que ela vá virar dinheiro.
"[As telas] São quase invendáveis se o roubo não tiver sido encomendado por um colecionador", diz Elliot McDonald, especialista em seguro de arte para o jornal "Le Monde".
O diário "Le Figaro" questionou como o furto passou desapercebido aos frequentadores noturnos da praça que fica entre dois pavilhões do prédio, construído em 1937.
Na noite de ontem, a praça estava lotada. A lanchonete do primeiro piso do museu continuava atendendo aos clientes que se sentavam às mesas, com vista para a torre Eiffel.
A reportagem da Folha visitou, na tarde de ontem, três dos principais museus parisienses. Os esquemas de segurança não haviam mudado.
No Centro Georges Pompidou e no museu D'Orsay, passa-se por um detector de metal e uma revista de bolsas antes de comprar o bilhete de entrada. No museu Quai Branly, do outro lado do Sena do Museu de Arte Moderna, é só pagar pelo ingresso e entrar.

É campeão
Segundo a Interpol, a França é o país mais afetado por roubos de arte, ao lado da Itália. O número de roubos de quadros e de esculturas caiu 70% de 2008 para 2009, divulgou a polícia francesa no começo deste ano.
As obras furtadas ainda não estão no catálogo de furtos artísticos que a Interpol disponibilizou na internet.
Os quadros desaparecidos são: "Le Pigeon aux Petits Pois" (o pombo e as ervilhas), de Picasso; "Pastorale, Nymphe et Faune", de Matisse; "L'Olivier Près de L'Estaque" (oliveira perto de L'Estaque), de Georges Braque; "La Femme à L'Éventail" (mulher com leque), de Modigliani, e "Nature Morte au Chandelier" (natureza-morta com candelabro), de Léger.


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