São Paulo, sábado, 21 de maio de 2011

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Acervo Folha traz início, altos e baixos do cinema brasileiro

Criação de estúdios, ciclos autorais, crises e prêmios em festivais contam história do gênero no país

Arquivo digitalizado dá acesso gratuito a 1,8 milhão de páginas do jornal desde a sua fundação, em 1921

DE SÃO PAULO

Numa quarta-feira, 4 de fevereiro de 1931, a página 12 da "Folha da Manhã", ilustrada com caricaturas das atrizes americanas Dorothy Mackail e Loretta Young, trazia uma notícia discreta sobre a "Semana Brasileira" de cinema em São Paulo.
O Rosário e o Alhambra, "os dois luxuosos cinemas do centro", exibiriam unicamente filmes nacionais. Uma das películas em cartaz foi "Lábios sem Beijos", a primeira produção da Cinédia.
Numa hora em que o cinema brasileiro recuperava-se de uma de suas primeiras crises, do início dos anos 1910, era um sinal de vitalidade.
Passados 80 anos, o espaço dedicado aos filmes nacionais só cresceu nas páginas da Folha, num vasto painel que está documentado no "Acervo Folha" (www.acervo.folha.com.br).
O acesso ao arquivo digitalizado, que reúne cerca de 1,8 milhão de páginas publicadas pela Folha e pelos jornais "Folha da Manhã" e "Folha da Noite" desde 1921, é por ora gratuito.
No Festival de Cannes que termina amanhã, o filme "Trabalhar Cansa" pode agregar mais uma peça ao tabuleiro da história do cinema nacional.
O longa de Juliana Rojas e Marco Dutra concorre aos prêmios Un Certain Regard e Caméra d'Or, este último para realizadores que exibem seus primeiros filmes.

CONSAGRAÇÃO
Foi na Côte d'Azur que veio a primeira consagração internacional da cinematografia verde-amarela, com a Palma de Ouro para "O Pagador de Promessas", de Anselmo Duarte. O feito foi registrado, com foto do ator Leonardo Villar carregando sua cruz, na capa da Folha de 24 de maio de 1962.
O prestigioso festival francês -que já dera, em 1953, o Prêmio Especial do Júri a "O Cangaceiro", de Lima Barreto- premiaria ainda Glauber Rocha (melhor direção por "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro", em 1969) e Fernanda Torres (melhor atriz por "Eu Sei que Vou Te Amar", em 1986).
No Festival de Berlim, as maiores conquistas foram os Ursos de Ouro de "Tropa de Elite", de José Padilha, em 2008, e "Central do Brasil", de Walter Salles, em 1998.
A vitalidade do Cinema Novo nos anos 60 seria seguida pelo incentivo estatal à produção, com a criação da Embrafilme, em 1969.
Fruto dos primeiros ares da redemocratização, "Pra Frente, Brasil" (1982), de Roberto Farias, é ao mesmo tempo revelador do conflito vivido pelo país na época.
Financiado pela ditadura que agonizava, o longa retratava a brutalidade da ditadura barra-pesada de anos antes e trazia cenas de tortura. Acabou censurado, provocando ainda a saída do então diretor da Embrafilme, Celso Amorim -que viria a ser chanceler do governo Lula.
Em 1990, durante o governo Collor, a Embrafilme foi extinta, um marco da derrocada da produção.
"Carlota Joaquina", de Carla Camurati (1995), é tido como marco da chamada "retomada", impulsionada pela criação da Lei do Audiovisual, dois anos antes.
O retorno das grandes produções, refletido em boas bilheterias, foi potencializado pela entrada da Globo Filmes no mercado.


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