da Reportagem Local

Disco de duetos entre artistas de estilos diferentes é uma aposta arriscada. Possui apelo mercadológico, mas nem sempre o resultado final está à altura do barulho provocado.
O disco "Casa de Samba 2" não foge à regra. É repleto de medalhões, mas peca pela falta de homogeneidade. Como foi gravado ao vivo em apenas duas noites, sem muitos ensaios, parece ter sido feito "nas coxas".
A parceria entre Caetano Veloso e Zeca Pagodinho, que abre o disco com "Que Roupa", por exemplo, é decepcionante. Faltou sintonia. Mas os melhores exemplos de falta de sintonia foram "Ai! Que Saudades da Amélia" e "Zazueira".
No primeiro, colocar Gabriel O Pensador e o Fundo de Quintal para dividir o mesmo palco é como tentar misturar água e óleo.
Faltou a Gabriel a ginga que sobrou a Fernanda Abreu em seu dueto com Roberto Silva em "Escurinho". Fernanda se adaptou a um estilo de música diferente do dela e fez bonito. Gabriel tentou fazer o inverso. Deu-se mal e levou o Fundo de Quintal junto.
Outro equívoco foi unir Lobão e Timbalada. Um problema que começa pela escolha da música. A rigor, "Zazueira" nem samba é. Azar de Lobão, que protagonizou com Elza Soares um dos melhores momentos da primeira edição da "Casa de Samba".
Na parte dos encontros que funcionam bem está, entre outros, o de Nei Lopes e Zélia Duncan, em "Senhora Liberdade", e dos puxadores de samba Neguinho da Beija-Flor, Rixxa, Wander Pires e Dominguinhos do Estácio, em "Aquarela do Brasil" -um grande fecho.
Mas o maior mérito do disco é resgatar músicos que estavam um pouco encostados, como Roberto Silva e Noite Ilustrada -um dos melhores exemplos de que paulista e samba não são contradições.

Disco: Casa de Samba 2
Artista: Caetano Veloso, Velha Guarda da Portela, Zeca Pagodinho, Luiz Melodia, Zizi Possi, Elza Soares, Ney Matogrosso, Fernanda Abreu, Alcione, Emílio Santiago, Jair Rodrigues, Lobão e outros
Lançamento: PolyGram
Quanto: R$ 18 (em média)




Texto Anterior | Próximo Texto | Índice