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MÚSICA ÉTNICA
O brasileiro Ed Motta e o argelino Kadda Cherif Hadria são as atrações de hoje em festival no Sesc Pompéia
Convidados promovem duelo de ritmos
CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local
A festa vai ser boa. Quem garante
são as duas atrações de hoje no festival Todos Os Cantos do Mundo,
no Sesc Pompéia: o brasileiro Ed
Motta e o argelino Kadda Cherif
Hadria, dois músicos que, curiosamente, apesar dos milhares de quilômetros que os separavam até ontem, possuem várias coisas em comum (leia quadro abaixo).
O suingue do brasileiro você já
conhece. Acompanhado por uma
"big band" de sete músicos, Ed
Motta apresenta um repertório baseado no último CD, "Manual Prático para Bailes, Festas e Afins
-Vol. 1", em que o cantor ampliou
seu leque sonoro. Motta passeia
pelo reggae, bossa nova, baladas
românticas e, por que não, pelos
bons e velhos funk e soul.
Ed Motta esquenta a platéia para
o argelino Kadda Cherif Hadria,
um dos novos nomes da música rai
(o pop árabe produzido principalmente na França). Ganhou notoriedade no país a partir de 1994,
quando compôs a canção "Tigidi"
para a trilha sonora de "1, 2, 3, Soleil", do francês Bertrand Blier, em
que faz um dueto com Cheb Khaled, o embaixador da música rai no
mundo.
Mas Hadria não se limita às fronteiras da música rai e investe em
ritmos pouco usados pelos seus
conterrâneos. Assim como Ed
Motta, à beira-mar, mas olhando
para o mundo, o argelino revitalizou o rai.
Ao reunir percussão africana e
caribenha e cordas árabes e ciganas à sua potente voz, Hadria coloca sangue novo na música franco-árabe.
Com Hadria, é possível ouvir salsa, soul, reggae, música flamenca,
jazz, soul e chaabi marroquino. Só
falta mesmo ele incluir batidas tecno, hip hop e, é claro, drum'n'bass.
Mas mesmo que não tivesse ido a
Paris, onde está radicado, Hadria
não teria dificuldades para compor seu repertório, que apresenta
acompanhado por uma banda de
seis músicos (repare no potente
naipe de sopros, a base da banda).
Orã, sua cidade natal, na costa do
Mediterrâneo, é conhecida como a
capital da Andaluzia fora da Espanha, por suas intensas relações
com a música flamenca e cigana.
O argelino trocou Orã por Paris
em 1989, mas foi apenas em 1995
que saiu seu primeiro CD, "Diri
Kitabri", que é a base do show.
Mas enquanto os arranjos se insinuam para várias culturas, as
composições se prendem à tradição árabe. Hadria canta com refinamento histórias de amores não
correspondidos, traições e ilusões
perdidas.
A trilha ganhou o prêmio César.
Depois do show, o espectador mais
animado pode continuar o programa assistindo à estréia da companhia de dança do espanhol Joaquín
Ruiz, na choperia do Sesc Pompéia, que, como Hadria, investe em
coreografias flamencas e de origem cigana.
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