São Paulo, segunda-feira, 21 de junho de 2010

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Corpo de Saramago é cremado em Lisboa

Cinzas do escritor devem ficar em Portugal, afirma viúva, Pilar del Río

Ausência de presidente luso em velório é alvo de críticas; ele era premiê quando o autor deixou o país, na década de 90

RANIER BRAGON
ENVIADO ESPECIAL A LISBOA

"Não há palavras. Saramago levou-as todas." A leitura da frase pela ministra da Cultura de Portugal, Gabriela Canavilhas, na Câmara Municipal de Lisboa, encerrou as homenagens ao escritor e deu a largada a um trajeto que culminou na cremação de seu corpo, ontem de manhã, na capital lusa.
Parte da imprensa local criticou a ausência do presidente Cavaco Silva, que era primeiro-ministro quando Saramago saiu do país rompido com o governo.
Em férias nos Açores, Cavaco disse que não tinha relações pessoais com o escritor, morto na sexta-feira, aos 87 anos, na ilha espanhola de Lanzarote. Afirmou ter cumprido seu papel ao emitir nota de condolências.
Vinte mil pessoas passaram pela praça do Município, onde fica a Câmara, desde sábado, segundo a polícia municipal -número possivelmente superestimado.

CRAVOS NA DESPEDIDA
Ao final do velório, a viúva do escritor, a jornalista espanhola Pilar del Río, e a filha dele, Violante, foram à sacada da Câmara atirar um cravo. No peito do escritor, foram deixados dois cravos, símbolos do movimento que derrubou o salazarismo.
O corpo de Saramago foi levado ao cemitério do Alto de São João, onde centenas aguardavam, flores e livros do escritor à mão. Havia muitos militantes comunistas.
Após a fala da viúva, o caixão entrou no crematório. Quando a fumaça começou a sair da chaminé, a multidão reagiu com aplausos, gritos do nome do escritor e choro.
As cinzas de Saramago ficarão em Portugal, disse Pilar a agências de notícias.


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