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ilustrada em cima da hora
Corpo de Saramago é cremado em Lisboa
Cinzas do escritor devem ficar em Portugal, afirma viúva, Pilar del Río
Ausência de presidente luso em velório é alvo de críticas; ele era premiê quando o autor deixou o país, na década de 90
RANIER BRAGON
ENVIADO ESPECIAL A LISBOA
"Não há palavras. Saramago levou-as todas." A leitura
da frase pela ministra da Cultura de Portugal, Gabriela
Canavilhas, na Câmara Municipal de Lisboa, encerrou
as homenagens ao escritor e
deu a largada a um trajeto
que culminou na cremação
de seu corpo, ontem de manhã, na capital lusa.
Parte da imprensa local
criticou a ausência do presidente Cavaco Silva, que era
primeiro-ministro quando
Saramago saiu do país rompido com o governo.
Em férias nos Açores, Cavaco disse que não tinha relações pessoais com o escritor, morto na sexta-feira, aos
87 anos, na ilha espanhola
de Lanzarote. Afirmou ter
cumprido seu papel ao emitir
nota de condolências.
Vinte mil pessoas passaram pela praça do Município,
onde fica a Câmara, desde sábado, segundo a polícia municipal -número possivelmente superestimado.
CRAVOS NA DESPEDIDA
Ao final do velório, a viúva
do escritor, a jornalista espanhola Pilar del Río, e a filha
dele, Violante, foram à sacada da Câmara atirar um cravo. No peito do escritor, foram deixados dois cravos,
símbolos do movimento que
derrubou o salazarismo.
O corpo de Saramago foi
levado ao cemitério do Alto
de São João, onde centenas
aguardavam, flores e livros
do escritor à mão. Havia muitos militantes comunistas.
Após a fala da viúva, o caixão entrou no crematório.
Quando a fumaça começou a
sair da chaminé, a multidão
reagiu com aplausos, gritos
do nome do escritor e choro.
As cinzas de Saramago ficarão em Portugal, disse Pilar a agências de notícias.
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