São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 2005

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Los Hermanos mantém segredo sobre novo disco; "pistas" dividem fãs

JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na próxima terça-feira, dia 26, chega às lojas o aguardado quarto disco do Los Hermanos. Intitulado simplesmente "Los Hermanos 4", o CD já está em pré-venda nos sites da Saraiva e da Americanas (que suspendeu as encomendas no começo desta semana, mas voltou a disponibilizar o item). A banda também deve lançar uma edição limitada (ou "para colecionadores") do disco em vinil.
Muito se especula quanto ao repertório do álbum, mas Marcelo Camelo, 27, Rodrigo Amarante, 28, Rodrigo Barba, 27, e Bruno Medina, 26, estão fazendo de tudo para que nenhuma informação vaze antes do lançamento. A preocupação exagerada pode ser um reflexo do que aconteceu há dois anos, quando semanas antes do lançamento de "Ventura" (o terceiro álbum), todas as suas músicas caíram na internet. Apesar de não serem as versões finais (era material gravado no período de pré-produção, com clima de ensaio), o vazamento irritou o grupo. O fato do Los Hermanos ter entrado para a história da música contemporânea como o primeiro artista brasileiro a ter material inédito compartilhado em programas de troca de arquivo (ou, pelo menos, de ter sido o primeiro a ser noticiado na coluna "Popload", da Ilustrada de 18.abr.2003) não diminui o descontentamento com o amigo que possibilitou a disseminação dos áudios.
Desta vez, nem Redações de jornais e de revistas mensais importantes receberam cópia antecipada do trabalho, prática comum no universo pop. A cinco dias do lançamento, nenhum jornalista do país ouviu "4".
Usando seu site oficial (www.loshermanos.com.br), a banda divulgou apenas o nome do álbum, a ilustração da capa (um desenho simples, em quatro cores: branco, cinza, azul e roxo) e a ordem das 12 faixas ("Dois Barcos", "Primeiro Andar", "Fez-se Mar", Paquetá", "Os Pássaros", "Morena", "O Vento", "Horizonte Distante", "Condicional", "Sapato Novo", "Pois É" e "É de Lágrima"). Dessas, os fãs conhecem apenas "Pois É", um rock contido de Marcelo Camelo que chegou a ser executado em shows deste ano, e a ensolarada "O Vento", de Rodrigo Amarante, que além de já ter aparecido ao vivo, pode ser escutada nas rádios desde a última sexta-feira. É a primeira vez que o grupo inicia a divulgação de um trabalho com uma música escrita e cantada por Amarante.
A reportagem da Folha apurou que o Wilco foi o grupo que serviu de referência para a gravação de "4". Expoente máximo do country-rock alternativo americano, o Wilco é esperado para edição deste ano do Tim Festival.
A banda foi comedida com os metais. Pouquíssimas canções ganharam arranjo para sopro. Há também um clima depressivo na maioria das faixas, principalmente nas do lado B (a perspectiva do lançamento em vinil fez o grupo pensar em lados). Pessoas próximas, que já tiveram algum acesso ao material, o classificaram de "triste" e "complicado".
Alexandre Kassin, que produziu e tocou baixo em "Ventura", voltou a trabalhar com o quarteto carioca. "Esse disco é chocante. Achei melhor do que o "Ventura". Não só em termos de produção mas também de estética e composição", afirma. O produtor, que também foi o baixista de "Bloco do Eu Sozinho", segundo álbum dos Hermanos, entende que "4" mostra uma enorme evolução. "Ele é bem diferente do "Ventura" e do "Bloco". Só isso, para mim, já é ótimo, pois mantém a banda andando para a frente."
Em "4", Kassin raramente atua como músico. "Foi melhor, pude me dedicar mais à produção." Já Gabriel Bubu, que é músico de apoio dos Hermanos desde 2001 e integra o grupo carioca Carne de Segunda, gravou baixos e guitarras. O cearense Fernando Catatau, líder do Cidadão Instigado, também foi recrutado para tocar guitarra em uma faixa.
Em fóruns de discussão, o disco e a faixa de trabalho têm gerado polêmica. A banda é uma das campeãs em movimentação no Orkut. Existem mais de 150 comunidades relacionadas ao grupo no site de relacionamentos, várias com mais de mil integrantes.
As opiniões estão divididas. Há quem não tenha gostado da capa pelo desenho ser simples ou pobre demais. Mas há quem tenha achado o trabalho bonito justamente pela simplicidade. O título suscita opiniões semelhantes. Mas o que deveria ser motivo de preocupação para o quarteto são os comentários surgidos sobre "O Vento". Vários fãs ficaram desapontados. Foi dito que o grupo estava "se repetindo", que "já havia feito coisas melhores" e que "faltava um refrão à canção" (que também pode ser ouvida no site oficial dos Hermanos).


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