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DANÇA
"Isadora.Orb" e "Aviões & Arranha-Céus" mesclam animação, projeção e música
"Habitar a Imagem" estréia em SP
INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA
Para um mundo mediado por
imagens, onde realidade e virtualidade se confundem, a coreógrafa, bailarina e diretora Andrea Jabor e o designer e performer
Ricky Seabra propõem um programa cênico de duas peças, "Isadora.Orb, a Metáfora Final" e
"Aviões & Arranha-Céus".
Ricamente tramadas de animação, manipulação, projeção, narração, dança e música, as duas estão reunidas no evento "Habitar a
Imagem", no Itaú Cultural.
A parceria de Jabor, 35, e Seabra, 41, começou em 1991. "De
Areia e Mar" (1997) foi o primeiro
trabalho conjunto; de lá para cá, já
aconteceram outros encontros,
como "Formas Perfeitas" (2004) e
"Desaparecida do Norte" (em
processo).
Seabra nasceu em Washington
e foi criado em Brasília. Desde
2002, desenvolve performances
como artista residente do Kunstencentrum nOna, na Bélgica. Jabor nasceu no Rio, onde em 1998
criou a companhia Arquitetura
do Movimento. Ambos continuam suas carreiras paralelamente aos trabalhos em dupla.
Seabra esclarece que, em seu
trabalho, a despeito do que parece, "a tecnologia é simples: algumas câmeras e uma mesa de corte". A técnica mais notável, uma
câmera de pino sobre as mãos dele e nos objetos, registrando e projetando imagens em tempo real,
foi inventada por Seabra para
"Aviões...". Já em "Isadora...", são
três câmeras.
As imagens são feitas ao vivo.
"Não tem truque", diz Jabor, "as
manipulações e interações de
imagem são ao vivo mesmo". O
que se vê é uma sobreposição de
camadas. "O público vê várias dimensões ao mesmo tempo." Jabor explica que "habitar a imagem" é uma noção que une os
dois trabalhos e resume a idéia de
ocupar organicamente a tela.
Por exemplo, em "Aviões...", isso surge "no momento em que o
Ricky faz um vôo com a cadeira.
Em "Isadora...", quando danço
dentro das mãos do Ricky -eu
deitada no chão e ele com a câmera de pino".
Criada conjuntamente pela dupla, "Isadora.Orb" estreou em fevereiro deste ano, na Bélgica. No
palco, a dança se dá num contraponto de gravidade real e gravidade zero, um jogo de imagens entre
o que se passa na cena e no telão
ao fundo. As imagens se fundem e
se completam e provocam uma
suspensão da "real" realidade.
Jabor e Seabra estão os dois no
palco: ela não só dança como cria
sonoridades e ambientações para
o espaço; ele constrói imagens
com objetos cotidianos e projeta
desenhos ao vivo na tela.
Segundo Jabor, "há uma relação
intensa com a tela. No início foi
difícil mergulhar na imagem, para
que ela pertença ao meu corpo.
Quando vejo a imagem do meu
corpo dentro da concha, vivencio
o estado de estar flutuando dentro
do módulo virtual Isadora".
Em "Aviões & Arranha-Céus"
(2002), de Seabra, com direção de
Jabor, o foco é o ataque ao World
Trade Center, em 11 de setembro
de 2001.
Seabra atua contando histórias
relacionadas ao fato e à sua paixão
por aviões e arranha-céus. Manipula objetos e seleciona vídeos
para projeção, vinculando as imagens projetadas com a sua fonte
real. "A poesia da imagem está
[sempre] na sua origem", define
Seabra, em termos que servem de
mote para o trabalho inteiro.
Isadora.Orb, A Metáfora Final/Aviões & Arranha-Céus
Quando: hoje e amanhã, às 20h
("Isadora..."); sábado, às 20h ("Aviões...")
Onde: Itaú Cultural (av. Paulista, 149, tel.
0/xx/11/2168-1776)
Quanto: entrada franca (ingressos com meia hora de antecedência)
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