São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 2005

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DANÇA

"Isadora.Orb" e "Aviões & Arranha-Céus" mesclam animação, projeção e música

"Habitar a Imagem" estréia em SP

INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA

Para um mundo mediado por imagens, onde realidade e virtualidade se confundem, a coreógrafa, bailarina e diretora Andrea Jabor e o designer e performer Ricky Seabra propõem um programa cênico de duas peças, "Isadora.Orb, a Metáfora Final" e "Aviões & Arranha-Céus".
Ricamente tramadas de animação, manipulação, projeção, narração, dança e música, as duas estão reunidas no evento "Habitar a Imagem", no Itaú Cultural.
A parceria de Jabor, 35, e Seabra, 41, começou em 1991. "De Areia e Mar" (1997) foi o primeiro trabalho conjunto; de lá para cá, já aconteceram outros encontros, como "Formas Perfeitas" (2004) e "Desaparecida do Norte" (em processo).
Seabra nasceu em Washington e foi criado em Brasília. Desde 2002, desenvolve performances como artista residente do Kunstencentrum nOna, na Bélgica. Jabor nasceu no Rio, onde em 1998 criou a companhia Arquitetura do Movimento. Ambos continuam suas carreiras paralelamente aos trabalhos em dupla.
Seabra esclarece que, em seu trabalho, a despeito do que parece, "a tecnologia é simples: algumas câmeras e uma mesa de corte". A técnica mais notável, uma câmera de pino sobre as mãos dele e nos objetos, registrando e projetando imagens em tempo real, foi inventada por Seabra para "Aviões...". Já em "Isadora...", são três câmeras.
As imagens são feitas ao vivo. "Não tem truque", diz Jabor, "as manipulações e interações de imagem são ao vivo mesmo". O que se vê é uma sobreposição de camadas. "O público vê várias dimensões ao mesmo tempo." Jabor explica que "habitar a imagem" é uma noção que une os dois trabalhos e resume a idéia de ocupar organicamente a tela.
Por exemplo, em "Aviões...", isso surge "no momento em que o Ricky faz um vôo com a cadeira. Em "Isadora...", quando danço dentro das mãos do Ricky -eu deitada no chão e ele com a câmera de pino".
Criada conjuntamente pela dupla, "Isadora.Orb" estreou em fevereiro deste ano, na Bélgica. No palco, a dança se dá num contraponto de gravidade real e gravidade zero, um jogo de imagens entre o que se passa na cena e no telão ao fundo. As imagens se fundem e se completam e provocam uma suspensão da "real" realidade.
Jabor e Seabra estão os dois no palco: ela não só dança como cria sonoridades e ambientações para o espaço; ele constrói imagens com objetos cotidianos e projeta desenhos ao vivo na tela.
Segundo Jabor, "há uma relação intensa com a tela. No início foi difícil mergulhar na imagem, para que ela pertença ao meu corpo. Quando vejo a imagem do meu corpo dentro da concha, vivencio o estado de estar flutuando dentro do módulo virtual Isadora".
Em "Aviões & Arranha-Céus" (2002), de Seabra, com direção de Jabor, o foco é o ataque ao World Trade Center, em 11 de setembro de 2001.
Seabra atua contando histórias relacionadas ao fato e à sua paixão por aviões e arranha-céus. Manipula objetos e seleciona vídeos para projeção, vinculando as imagens projetadas com a sua fonte real. "A poesia da imagem está [sempre] na sua origem", define Seabra, em termos que servem de mote para o trabalho inteiro.


Isadora.Orb, A Metáfora Final/Aviões & Arranha-Céus
Quando:
hoje e amanhã, às 20h ("Isadora..."); sábado, às 20h ("Aviões...")
Onde: Itaú Cultural (av. Paulista, 149, tel. 0/xx/11/2168-1776)
Quanto: entrada franca (ingressos com meia hora de antecedência)


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