São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 2008

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Fúria chinesa

Mais famoso artista da China e um dos responsáveis pelo projeto do Estádio Nacional, Ai Weiwei diz que a Olimpíada é uma "decepção" e os intelectuais do país, "vergonhosos'

Frederic J. Brown - 29.jan.08/France Presse
O artista Ai Weiwei em sua casa-ateliê no bairro de Caochangdi,
em Pequim


RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

O mais famoso artista chinês vivo, que deu a idéia de que o novo Estádio Nacional se parecesse a um ninho de passarinho, não participará da abertura da Olimpíada de Pequim. Nem foi convidado.
Rara voz crítica da ditadura comunista que não enfrenta prisão ou exílio, Ai Weiwei, 51, diz que os Jogos são uma decepção para quem esperava mais abertura na China. Para ele, os intelectuais do país são "vergonhosos" por se calarem.
E, sem nunca ter pisado no Brasil, diz que a China segue o "modelo brasileiro" -"ricos no topo, intocáveis, e o resto são pobres sem direito".
A história de Ai com o regime comunista é conflituosa. Seu pai, Ai Qing, foi o maior poeta moderno do país. Apesar de protegido do líder comunista Mao Tse-tung, ele caiu em desgraça durante a Revolução Cultural e foi enviado para um campo de trabalhos forçados, onde Ai cresceu, vendo seu pai lavar privadas, proibido de publicar por quase uma década.
Ai ficou famoso quando morou em Nova York, entre 1981 e 1993, mas voltou à China quando seu pai agonizava e nunca mais deixou Pequim. Na cidade, especula-se que Ai ainda não foi para a cadeia porque é muito popular no circuito de arte (sua prisão provocaria uma gritaria) e porque tem amigos influentes no governo.
Há dez anos, instalou-se em Caochangdi, bairro rural de Pequim, onde foi seguido por dezenas de artistas. Lá, em sua casa-ateliê, recebeu a Folha.


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