São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 2011

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teatro

Teatro vive supremacia de antigas tragédias

Grupos remontam textos gregos para discutir dimensão humana

Até 2012, companhias vão estar com 11 espetáculos em cartaz; cariocas estreiam versão de "Antígona"

GABRIELA MELLÃO
DE SÃO PAULO

Cinco forças fundamentais do teatro do país se movem numa mesma direção.
O diretor Elias Andreato e as companhias Club Noir, Livre, Elevador de Teatro Panorâmico e Teatro do Pequeno Gesto deixam a produção dramatúrgica contemporânea para se debruçarem sobre as tragédias gregas.
Andreato está em cartaz em São Paulo com sua versão de "Édipo Rei", de Sófocles. O Teatro do Pequeno Gesto estreia no Rio, no próximo sábado, "AntígonaCreonte", uma adaptação de "Antígona", de Sófocles. Os demais grupos preparam seus trabalhos para 2012.
O movimento vai gerar 11 espetáculos que explorarão, em uníssono, a impotência do ser humano diante do destino. O vanguardista Club Noir é o único grupo que, não contente em montar uma tragédia, fará uma maratona trágica que prevê a encenação das sete peças de Ésquilo.
Para o autor e diretor Roberto Alvim, a tragédia está ligada ao fim das ilusões de controle. "A paixão, o acidente e a morte estão nos esperando na próxima esquina."
Para Cibele Forjaz, diretora da Cia. Livre, "o homem acredita ter seu destino nas próprias mãos, mas a razão só leva à queda". Todos os grupos buscam recuperar a dimensão sagrada do palco. Para Andreato, o entendimento do ritual do teatro só se torna concreto depois de passar pela tragédia.
Marcelo Lazzaratto, diretor da Cia. Elevador do Teatro Panorâmico, acredita que essa arte essencialmente ritualística encontra o rito à flor da pele nas estruturas trágicas.

DIMENSÕES
Segundo Antonio Guedes, diretor do Teatro do Pequeno Gesto, uma tragédia não conta um episódio na vida de uma cidade, mas coloca em cena forças em conflito.
A discussão levantada em "Antígona", por exemplo, é maior do que sepultar ou não o corpo de um traidor do Estado. O autor expõe o combate entre o público e o privado.
Para Lazzaratto, o personagem trágico tem dimensão arquetípica, de proporções mitológicas. "Existe o euzinho, que é o 'eu nosso de cada dia'. A tragédia coloca em cena o euzão. Ele é plural e faz o exercício de alteridade."
Alvim diz acreditar que a experiência contemporânea reduziu o ser humano a uma dimensão existencial banal.
Para ele, o fato de os personagens trágicos conhecerem a existência com uma potência mais intensa do que a proporcionada no século 21 despertou o interesse do homem da atualidade por tragédias. "A sociedade tem como objetivo o conforto e a felicidade. Os autores trágicos mostram que o uso que fazemos das possibilidades humanas é anódino", fala.

ANTÍGONACREONTE
QUANDO estreia no dia 23, às 21h; sáb. a seg., às 21h
ONDE teatro Glaucio Gill (pça. Cardeal Arcoverde, s/no, tel. 0/xx/21/2332-7904)
QUANTO R$ 20
CLASSIFICAÇÃO não informada

ÉDIPO
QUANDO ter., às 21h
ONDE Eva Herz (av. Paulista, 2.073, tel. 0/xx/11/3170-4059)
QUANTO R$ 40
CLASSIFICAÇÃO 14 anos


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