São Paulo, quarta-feira, 21 de agosto de 2002

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Tati mania

Le Films de Mon Oncle/Divulgação
Cena do filme "Playtime", de Jacques Tati (67)



Relançamento de "Playtime" (1967) em cópia restaurada desencadeia onda francesa de exibições de filmes de Jacques Tati (1907-1982), além de mostras, livros e CDs sobre o diretor


ALCINO LEITE NETO
DE PARIS

Chegou a hora de corrigir a história. A partir de agora, "Playtime" (1967), de Jacques Tati, é uma das sete maravilhas do cinema moderno. A reestréia do filme no último mês na França, em cópia restaurada de 70 mm (tela larguíssima), deixou a crítica boquiaberta, o público entusiasmado e se tornou o grande acontecimento cinematográfico do ano no país.
Com a volta de "Playtime", uma onda Tati se espalhou pela França, em livros, exposição, capas de revistas e até em remixes das trilhas sonoras de seus filmes. Toda a obra do ator e diretor, exceto "Parade" (1974), voltou a ser exibida em Paris.
É possível ver um raríssimo curta em que Tati (1907-1982) atuou sob a direção de René Clément, "Soigne ta Gauche" (Cuida da Sua Esquerda, 1936), e também o seu último trabalho, o documentário "Forza Bastia" (1978), montado por sua filha, Sophie Tatischeff.
Um dos principais lançamentos editoriais é "Playtime", de Stephane Goudet e François Ede, publicado pelos "Cahiers du Cinéma" (192 págs, 30 euros). Ilustrado, o livro é ao mesmo tempo uma história minuciosa das filmagens e um estudo crítico. Segundo Goudet, Brasília -que aparece num cartaz no filme- foi uma das referências para a construção em estúdio da fabulosa cidade-cenário modernista de Tati.
Às livrarias chegou também a versão francesa, aumentada e corrigida, da biografia "Jacques Tati -Sua Vida e Sua Arte", do inglês David Bellos (ed. Seuil, 470 págs., 23 euros). É uma narrativa saborosa, com revelações importantes, como a de que Tati trabalhou para os nazistas, fazendo números cômicos em Berlim.
Foi publicado ainda o ensaio "Jacques Tati ou o Tempo dos Lazeres" ("JT ou le Temps des Loisirs"), de Laura Laufer (ed. de l'If, 120 págs., 7,60 euros). E ganharam reedições o esclarecedor "Jacques Tati", de Michel Chion (ed. Cahiers du Cinéma, 14,50 euros), e o fotográfico "Tati", de Marc Dondey (Ramsay Cinéma, 242 págs., 30 euros).
A exposição "A Cidade em Tatirama", no Instituto Francês de Arquitetura, examina, em vídeos, fotos e objetos, um dos aspectos mais ricos e complicados da obra de Tati: as relações com a arquitetura e o urbanismo modernos, ao longo do período 1950-1970.
A mostra reconstitui em maquete a famosa Villa Arpel, de "Meu Tio" (1958), imaginada pelo artista Jacques Lagrange, o principal colaborador de Tati e diretor artístico de "Playtime".
A mania Tati chegou enfim à música tecno e ambient, com o CD "Jacques Tati - Os Remixes de Mr. Untel" (Digipack, 15 euros). Aqui, o Brasil aparece outra vez relacionado à obra-prima do diretor, na faixa "Playtime Brazil", em que a música original de Francis Lemarque ganhou agitada e supermoderna versão tecno-samba.


Os livros sobre Jacques Tati podem ser encomendados à Livraria Francesa ou na Amazon (www.amazon.fr).



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