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CRÍTICA DRAMA
"Ten" registra momentos da vida de uma mulher iraniana
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"Ten" (Futura, 23h, classificação não indicada) pode
ser resumido como dez momentos na vida de uma motorista de táxi em Teerã. Em
termos de cinema são dez
planos. Mas ninguém dirá
que a conversa acaba aqui.
"Ten" é o resultado dos
avanços tecnológicos, que
permitiram instalar uma câmera no interior de carro de
passeio e deixar que o filme
se faça sozinho, ou antes, se
produza diretamente entre o
ator e a câmera, sem a mediação de um diretor.
E não será isso, afinal, o
que Abbas Kiarostami sempre sonhou? Apagar-se, deixar que a realidade fale por si
própria. Mesmo ele reconhece, no entanto, que isso é impossível. O ator sabe que a
câmera está lá, por isso estará representando de qualquer forma.
Ainda assim, convém não
tomar as palavras de Abbas
por moeda corrente e nem
apostar no caos: em seus filmes a realidade parece que
ganha forma antes de irromper na tela.
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