São Paulo, sexta, 21 de agosto de 1998

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O MENTOR CHRIS CARTER
"Nós queremos ver fantasmas"

da enviada a Los Angeles

O homem por trás do fenômeno "Arquivo X", o criador e produtor executivo Chris Carter, parece um homem de negócios satisfeito. Na coletiva para a imprensa estrangeira, ele pronunciou pelo menos cinco vezes em 20 minutos a palavra "business" (negócio), para caracterizar a série que tornou esse ex-jornalista de surfe rico e famoso.
"A receita é simples: você acha dois atores interessantes para interpretar dois personagens interessantes e você dá a eles histórias interessantes. Para ser honesto, é uma receita impossível, porque, além de achar esses atores, você tem de sentar e esperar que a química entre eles funcione. Essa é a mágica", disse.
A "mágica" ou o "bom negócio" já rendeu cinco bem-sucedidas temporadas televisivas, com mais duas em perspectiva, um filme que superou os US$ 80 milhões nos EUA e alguns prêmios, como três Globos de Ouro para série dramática e dois Emmys em 97.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista do produtor.

RISCO - "Havia um enorme risco. Se o filme fracassa, o que é uma possibilidade a ser levada em consideração, você arrisca seu público de TV. No caso de sucesso, que foi o que sempre planejamos para o filme, você tem a possibilidade de reviver o seriado de TV, isso abre novas oportunidades para os anos seis e sete."

DIREÇÃO - "Eu poderia ter me empregado como diretor, mas a verdade é que eu só dirigi quatro episódios da série, só quatro horas ao todo. Rob Bowman dirigiu centenas de horas do seriado. Eu também não tinha tempo de dirigi-lo, tinha muitas outras coisas a fazer. Quando vi Rob trabalhar como um louco, eu realmente fiquei contente de ter decidido não dirigir o filme. Dirigir é uma coisa que requer uma quantidade enorme, não apenas de seu talento, mas de sua histamina. Eu tinha de coordenar todo o resto do trabalho."

TELA GRANDE - "A tela grande requer coisas que você não faria na tela pequena. Há sequências no filme que já eu gostaria de ter feito na televisão, mas não é possível e então agarrei a oportunidade... E também, uma vez que é um filme de verão, há certos pré-requisitos para um filme de verão, tem de ser mesmo mais espetacular."

FANTASMAS - "Eu sou um cético. Sou mais como Scully, mais propenso a acreditar em explicações científicas, mas de alguma forma também sou como Mulder, eu quero acreditar. Acho que todos nós, quando acordamos no meio da noite, aterrorizados, nós queremos ver um fantasma. Eu quero muito ver um fantasma."

PRÓXIMAS TEMPORADAS - "Neste momento, estou me preparando, se o contrato vier como foi discutido, para assiná-lo para as temporadas seis e sete. E eu acredito que David (Duchovny) e Gillian (Anderson) também têm contratos para as duas próximas temporadas. Imagino que duraremos, pelo menos, sete anos."

DUCHOVNY E ANDERSON - "Nunca tive de pensar na hipótese de fazer a série sem eles (Duchovny e Anderson), só vou pensar nisso se for forçado a tanto. Meu trabalho já é complicado o suficiente, eu tenho de produzir um bom episódio por semana, isso no presente, então nem tenho tempo de ficar pensando num futuro eventual."

CRIATIVIDADE - "Prazos fazem milagres pela sua criatividade. Trabalhei numa revista de surfe e uma coisa que você aprende, trabalhando em jornalismo, é a sentar e escrever como um louco. Fazia 12 edições da revista por ano, hoje eu "fecho" 22 episódios por ano. Há algumas semelhanças, há essa mesma coisa de várias pessoas trabalhando juntas para completar alguma coisa num certo prazo." (BIA ABRAMO)



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