São Paulo, sexta, 21 de agosto de 1998

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Padre investiga por conta própria

da Agência Folha, em Ouro Preto

O pároco da Matriz do Pilar de Ouro Preto, padre José Feliciano Simões, 66, investiga há 25 anos por conta própria um grande roubo ocorrido na sua igreja em 1973.
No encalço das peças, ele viajou por vários Estados e até se disfarçou de antiquário para frequentar o submundo de uma "grande cidade brasileira", que ele não revela qual nem a época para não atrapalhar as investigações.
"Para descobrir as peças sacras, vi muita safadeza nesse mundo cheio de sacanagem", diz.
Ele conta que, há alguns anos, uma pessoa foi presa por jogo ilegal e, em troca da liberdade, se ofereceu à polícia para apontar colecionadores que usavam obras sacras para saldar suas dívidas de jogatina.
Simões deixou a barba crescer e se apresentou como especialista em arte em lugares do "baixo mundo". "Entrei em cassino, mas não joguei. Tive de ser quase indiferente. Já tinha ouvido falar sobre essas coisas na teoria, mas não sabia nada na prática", conta.
Ele lamenta que não tenha localizado as obras da Matriz do Pilar, mas, "sem saber que tinha sido eu, a polícia conseguiu recuperar dezenas de peças para a Arquidiocese de Mariana", conta.
Simões afirma que não descansa de sua vontade de reencontrar as obras nem mesmo quando está vendo novelas de televisão. "Fico de olho na TV, mas não vejo essas coisas de beijos e traições que todo mundo conhece. Entro no cenário dos apartamentos particulares. Se vejo um altar e reconheço alguma obra suspeita, aviso a polícia."



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